Falando sobre quarto de crianças, esse foi um ambiente que mais mudou, mudou de novo e voltou a mudar ao longo das últimas décadas. Por que eu digo isso? Porque houve uma transformação muito nítida no mundo das crianças, ou seja, a tecnologia impactou diretamente esse e muitos outros universos. Desde o jeito de brincar, de usar a casa e agora até no de estudar. Consequentemente, o quarto das crianças é o que mais sofre alterações e recebe pedidos das pessoas, dos pais, para alterar por conta das mudanças de necessidade. 

Algumas décadas atrás, o quarto das crianças era feito apenas para dormir. Por isso, só alguns pais pediam por uma bancada de estudos, mas que mesmo assim, era simplesmente uma mesa. Tinha essa necessidade de ter uma cama, um armário e uma mesa de estudos. Mesmo as questões de ponto de elétrica ainda eram muito simples. Por exemplo, tínhamos praticamente um abajur do lado da cama e uma tomada para ligar uma luminária no canto de estudos. Era o que fazíamos na década de 80, até o comecinho da 90.

A partir daí, entrou o computador, mas nem todos tinham internet ainda. Não era uma coisa tão corriqueira assim. Além disso, aquele ponto de luz para o abajur praticamente servia para ele também. Tínhamos uma infraestrutura simples porque na mesa de estudos, algumas pessoas tinham um computador, mas também não era tão corriqueiro as crianças terem um só para elas. 

Então, chegou uma época em que os quartos realmente começaram a ter um outro conceito, que era incluir a diversão no quarto, com a questão do videogame. Começamos a ter a necessidade de ter a TV interligada com o videogame, algumas pessoas tinham o computador ligado a internet, etc. Por conta disso, o dormitório passou a ser mais multifuncional. Tínhamos muitas necessidades para serem atendidas nele. 

Houve também um período, nesse meio tempo, em que muitos pais começaram a tirar tudo de dentro do quarto das crianças, porque elas ficavam muito presas dentro do quarto, não queriam brincar. Então, tiraram mesa de estudo, computador, videogame e isso tudo veio para a área social da casa. Foi um período curto e nem todo mundo queria isso, mas foi interessante porque foi uma tentativa de resgate dessa coisa de brincar e não ficar tanto tempo dentro do quarto. 

Outra coisa interessante seria a respeito da evolução dos quartos compartilhados para suítes. Há algumas décadas era comum que os filhos dormissem em um só ambiente. Os quartos eram maiores, mas abrigavam todos. Enquanto hoje, cada um tem as suas individualidades, atividades, o seu próprio quarto e banheiro.

Voltando a falar sobre a sua configuração, hoje tivemos uma retomada fortíssima nessa questão de como pensar o quarto, porque ele inclusive virou escola. Em dois anos que as crianças estavam em home office, o quarto tinha que estar preparado para o estudo, diversão e todas as atividades da criança, com a parte de iluminação, internet, espaço do computador, videogame etc. As crianças passavam muito tempo no ambiente, então ele tinha que ser o mais confortável possível. Praticamente, as crianças e adolescentes tinham que ter uma casa completa dentro do quarto para que eles tivessem todas as necessidades atendidas.

Cristiane Schiavoni (@cristianeschiavoni)

Arquiteta pela FAUUSP, toca há duas décadas seu escritório com projetos de arquitetura, interiores e reformas marcados pela ousadia no uso de materiais e acabamentos inovadores e versáteis.

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