O Verão é uma estação muito aguardada por todos, principalmente para aqueles que podem tirar alguns dias de descanso na praia ou interior. No entanto, esse período do ano é bem complicado para quem está executando obras, em razão da grande quantidade de chuvas registradas, principalmente na região Sudeste do país. Como sabemos que o show não pode parar, eu decidi reunir aqui algumas orientações importantes para que você consiga dar andamento na sua obra, mesmo nessa época.

Cronograma

Atividades como a pintura de uma fachada, a aplicação de texturas e a instalação de revestimentos em áreas externas não podem ser realizadas em dias de chuva. Com certeza, o resultado não será como o esperado, pois ocorrerá a perda da qualidade do serviço, assim como dos materiais de obra. Para evitar tais dores de cabeça, é possível ajustar o seu planejamento já deixando alguns dias extras no cronograma (principalmente entre dezembro e março) para eventuais dias chuvosos, em que a sua equipe poderá realizar outras tarefas auxiliares.

Corrida contra o tempo

Agora, se tratando de casos em que o prazo está muito apertado, como uma inauguração de um comércio, por exemplo, é necessário buscar alternativas rápidas, mas ao mesmo tempo seguras. Tivemos um caso aqui no escritório, em que tivemos que instalar uma cobertura provisória, com lona, em uma loja que precisava ser entregue. Como estávamos passando por temporais constantes, esse foi o caminho encontrado para finalizarmos a reforma e a pintura da fachada.

Construção

Temos visto nos telejornais muitas matérias sobre deslizamentos nesse Verão. Portanto, para quem estiver construindo uma casa, todo cuidado é pouco. E, principalmente, quando o terreno da casa ainda está sendo acomodado. Enfim vou explicar melhor! Há uma grande diferença entre você construir uma casa em um terreno que já está ali há muitos anos, em relação a uma completamente do zero – chamado como uma espécie de terraplanagem (em que são criar platôs). Infelizmente, essa terra ainda está fofa, portanto, se não compactar direito e não esperar adensar, com a chuva há o risco de o terreno desbarrancar. Portanto, é preciso ficar muito ligado à época escolhida para começar esse tipo de obra.

Outro assunto muito sério se refere à realização de intervenções estruturais nesses períodos. Por exemplo, caso você apoie escoras em cima de um terreno, com o excesso de água há o risco de ele ceder e desmoronar. Ou então trincar ou comprometer a laje. Portanto, é necessário compactar a terra e esperar que ela se acomode antes. Portanto, evitar esse período é uma ação muito prudente. Já vivenciei isso em minhas obras e sei da complexidade do assunto. Porém, se não for possível aguardar, é essencial ter um engenheiro responsável pela supervisão da obra e tomar todos os cuidados possíveis.

Tudo tem um lado bom

Agora, que tal falarmos do aspecto positivo de tudo isso? Afinal, se a vida te der limões, faça uma limonada. E se o Verão trouxer chuva abundante, aproveite isso como recurso na sua obra! Há casos de construções em lugares tão longínquos (como algumas praias e até mesmo cidadezinhas no interior) em que ainda nem há conexões de energia elétrica e saneamento básico. Eu mesmo, peguei um projeto de uma casa em Minas Gerais, em que minha equipe aproveitou a água da chuva para encher caixas d’água, que nos ajudou nos serviços relacionados à obra, como na preparação da argamassa para fazer a instalação dos revestimentos, por exemplo. Choveu tanto, que nem precisamos chamar caminhão pipa para se ter ideia.

Atenção: o uso dessa água foi apenas para a atividades da construção, já que a água utilizada para o consumo de meus colaboradores era potável e nós trouxemos de fora.

Sustentabilidade

Já falei disso em outros artigos, mas vale a pena retomar nesse texto. É possível captar e reutilizar a água da chuva para diversos fins. Em uma casa que fizemos no interior de São Paulo, nós criamos uma cisterna para ser utilizada no período da obra. Porém, o morador acabou incorporando a ideia para o seu dia a dia depois, o que resultou no reaproveitamento de água para regar os jardins, lavar os corredores etc.

Outro exemplo é a utilização da água da chuva para abastecer a descarga dos vasos sanitários. Isso dá muito certo, principalmente em grandes empresas, com um alto número de pessoas. Afinal, é garantia de economia. Mas, atenção: isso não vale para torneiras, duchas e chuveiros, pois essa água não é tratada corretamente para consumo. Exatamente, para isso, as tubulações devem ter cores diferentes, para que seja possível distinguir a água própria para consumo, reuso, a pluvial ou o esgoto.

Prevenção na sua casa

Por fim, para quem tem um imóvel e, não quer surpresas desagradáveis quando as chuvas de Verão chegarem, vale a pena seguir algumas dicas simples:
Telhado: É essencial verificar periodicamente como está a sua manutenção e, caso sejam encontradas telhas mal encaixadas ou quebradas, deve-se fazer o reparo o quanto antes. Para evitar infiltrações, também é importante verificar a inclinação adequada do telhado para cada tipo de telha no mercado. Na dúvida, consulte um profissional!

  • Calhas: a falta de limpeza ou a manutenção de forma inadequada pode gerar entupimentos e, o possível transbordamento de água.
  • Lajes: É muito importante também manter a impermeabilização das lajes em dia. Para quem está construindo ou reformando, defina com cautela onde será o caimento e o escoamento da água da laje.
  • Muros e Paredes: No topo dos muros é importante utilizar pingadeiras. Dessa forma a chuva não vai escorrer e nem manchar a pintura. No caso de construções de divisa com vizinhos, é recomendada a proteção com rufos. E para paredes, em geral, devem ser utilizados materiais resistentes a chuva.
  • Impermeabilização: para garantir a proteção da casa, as impermeabilizações de manutenção são muito bem-vindas de tempos em tempos. Áreas que tenham contato com água como fachadas, paredes externas e áreas internas molhadas da casa (banheiros, cozinha e lavanderia) necessitam de maiores reparos.

Se puder, espere!

O inverno, costuma ser uma época mais seca e com menor incidência de temporais. Portanto, se possível, aguarde essa estação para reformas ou construções. Porém, caso você ou sua equipe tenham urgência, o ideal é acompanhar a previsão do tempo, e procurar uma semana de clima mais aberto. Lembre-se: os impermeabilizantes demoram cerca de três dias para secar, portanto a janela de sete dias “secos” é bem mais segura.

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Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.

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