Tanto o planejamento de tempo de obra como o financeiro precisam ser pensados desde o início do projeto, que é a hora da criação. Ou seja, tudo o que incluirmos no projeto vai influenciar diretamente no cronograma, por isso é tão importante saber dos clientes o quanto eles pretendem gastar – é uma das primeiras perguntas que a gente costuma fazer. Há alguns clientes que ficam desconfortáveis em abrir essa informação, mas a gente sempre busca convencê-lo do quanto esse dado faz toda diferença para não especificarmos um determinado item e precisar alterar depois.

Para o cliente não perder tempo e sermos mais objetivos, a gente sempre acaba conseguindo esse valor, descobrimos inclusive qual é o teto possível de gastos – isso já faz a gente ganhar um tempo enorme no desenvolvimento do projeto. Com isso, não vamos sugerir, por exemplo, um painel laqueado, que custa duas ou três vezes mais do que uma chapa de MDF simples. Também consideramos essencial saber o tempo que o cliente deseja que a obra fique pronta – é claro que, muitas vezes, precisamos negociar melhor esse prazo em detrimento das alterações e mudanças que serão feitas. Em geral, dependendo do nível da reforma, entregamos um apartamento entre 4 e 5 meses, mas já houve casos em que a família precisa mudar em dois meses. Em uma situação como essa, a premissa do projeto muda muito, pois evitamos o máximo de quebra-quebra para entregar o imóvel no prazo acordado. Por exemplo, não trocaria os tampos do banheiro nem da cozinha e precisamos aproveitar ao máximo os materiais existentes, analisando minuciosamente custos e benefícios.

Em resumo, o mais importante é orquestrar desejos e realidade, equilibrando os sonhos dos clientes, o quanto eles pensam em gastar e qual o tempo disponível. Temos que ter isso muito claro e sermos muito sinceros para fazer um cronograma assertivo e possível de se cumprir. Hoje em dia, com o alto movimento do mercado da construção civil, ainda temos que lidar com as surpresas dos materiais – há muitos itens em falta e outros com tempo de entrega maior (isso tudo precisa estar no nosso cronograma).

Também vale evidenciar que 2 meses de obra é mais barato do que 4 meses de obra, já que você terá menor custo operacional, de gerenciamento e etc. Contei todos esses exemplos para mostrar o que quanto é essencial reunir todas essas informações desde o início do projeto, que resultará num excelente planejamento. Se não contarmos com esses dados, no processo final da entrega do projeto acaba acontecendo uma frustração dos clientes devido o estouro do orçamento, do cronograma de obra ou até mesmo o fato de não ter algo que eles sonhavam. Quantas vezes já escutei algumas pessoas sobre os projetos utópicos, lindos e maravilhosos, mas sempre possibilidade de serem executados, já que a família não tem dinheiro suficiente.

Em todos os processos de projeto, a gente trabalha acompanhando o cronograma e fluxo de caixa em todas as etapas, deixando o cliente ciente de cada momento. É essencial orientar sobre os valores dos materiais, os prazos de entrega e, é claro, falar sobre as surpresas da obra, apresentados juntamente com as formas de resolvê-las (nada de criar apenas preocupações e dores de cabeça). É importante ter o máximo de transparência de ambas as partes, tanto do escritório de arquitetura como do cliente. Está aí o segredo de ter uma obra perfeita, bem executada, com os custos e prazos acordados e, sobretudo, realizando todos os sonhos dos clientes.

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT. 

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