Uma das nossas maiores preocupações é garantir a longevidade do projeto, prezando por uma estrutura sólida, revestimentos resistentes, móveis duradouros e soluções atemporais. Grande parte dessas questões são ditadas, é claro, pela qualidade das matérias-primas, mas existem alguns recursos que favorecem a conservação e, consequentemente, asseguram sua durabilidade. No artigo de hoje, vou focar em uma alternativa coringa para garantir a continuidade dos móveis da cozinha e área gourmet, evitando um grande vilão, a umidade.

Quando falamos desses espaços, a minha principal orientação para prevenir umidade – e, por consequência, danos – é realizar uma base de alvenaria embaixo do mobiliário. Ela deve ser feita a partir de uma mistura de argamassa e argila expandida, ideal para não fazer muito peso na laje. Em busca de um visual agradável, uma sugestão é revesti-la com o material selecionado para o piso ou mesmo material da bancada, dando uma sensação de continuidade e fazendo essa base combine com o restante do projeto.

Outra alternativa é combinar com a marcenaria para trazer os “pezinhos“, que suspendem a marcenaria do piso e na frente destes pezinhos você faz o mesmo acabamento da base de alvenaria, com o revestimento do piso ou bancada. A grande diferença é que este tipo de base trata-se um processo construtivo mais limpo, pois você não precisa mexer com argamassa e a argila expandida.

Mas por que essa estrutura é importante? O distanciamento entre o móvel e o chão evita que a água tenha contato direto com a marcenaria, assim, impedindo a criação de manchas e bolor, marcenaria estufada principais sinais relacionados ao comprometimento da peça. Essa base também evita que a gente bata a vassoura na madeira e tenha um encaixe para os pés na hora de lavar a louça, por exemplo. Detalhes importantíssimos, concorda?

Essa estratégia rende muitos frutos, não só porque protege o mobiliário, mas também devido à sua praticidade: no dia a dia, os moradores não têm que se preocupar na hora jogar baldes de água ou realizar uma limpeza profunda. Podem seguir com a sua rotina, sem grandes desvios, sabendo que a marcenaria estará resguardada. Há, ainda, outra vantagem ligada à assiduidade dos espaços, pois essa barreira impossibilita que sujeira se acumule embaixo da mobília, tornando o cotidiano um pouco mais fácil. 

Pensando nas dimensões, há um macete que ajuda a elaborar uma base nota dez. O objetivo é sempre criar a profundidade com 15 a 10 cm a menos que o alinhamento da bancada. Seguindo isso, uma bancada com 60 cm de profundidade deve receber uma base com 50 ou 45 cm.

Tão importante quanto a profundidade é a altura. Afinal, ela responde pela parte mais importante, relacionada à distância entre a marcenaria e o piso. A atenção é em encontrar um meio-termo que não seja muito fino, mas, também, não extremamente alto – isso pode comprometer uma metragem que, melhor planejada, poderia ter outro uso. O padrão, nesses casos, é 10 cm, e nós geralmente seguimos essa regra. No entanto, o melhor caminho é sempre analisar cada situação em particular para não acabar entregando uma cozinha ou área gourmet que não tem, de fato, uma proteção contra a umidade.

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Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.

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