Um lar organizado, limpo e arrumado traz uma série de benefícios para a saúde física e mental dos moradores. Com uma decoração e organização harmoniosa e funcional, somos inspirados a ter momentos de maior concentração e a pensar com mais clareza e tranquilidade. Desta forma, sempre buscamos novos meios de deixar tudo em seu devido lugar, mas, em muitos casos, acabamos por esquecer de pensar em locais dedicados exclusivamente para guardar os sapatos, não é mesmo?!
Seja localizada no dormitório, no closet, na área de serviço (para guardar os pares limpinhos) ou até mesmo hall de entrada – hábito já incorporado pelos brasileiros, em função da pandemia –, a escolha da sapateira é decisiva para a organização geral da casa. Afinal, deixar sapatos espalhados por todos os lados, ou até mesmo empilhá-los em único móvel pequeno pode danificá-los, atrapalhar o visual estético da casa e, cá entre nós, sinônimo de prejuízo, pois muitos pares custam valores expressivos!
Pensando nisso, as arquitetas Bianca Atalla e Fernanda Mendonça, sócias no escritório Oliva Arquitetura e Cristiane Schiavoni, à frente do escritório que leva seu nome, prepararam algumas dicas sobre como escolher e organizar as sapateiras. Confira!
Qual o melhor lugar para acomodar a sapateira?
No que se refere a melhor localização para a sapateira, as arquitetas da Oliva Arquitetura são categóricas em pontuar que a definição pode variar de acordo com o tamanho do imóvel, o estilo de vida dos moradores e os sapatos que eles possuem. “Quando temos, por exemplo, um casal que utiliza, com muita frequência, sapatos sociais e versões mais delicadas, sempre indicamos a instalação no closet. Esse cuidado assegura que estejam protegidos de danos, além de facilitar na composição do look, já que estarão ali próximo das roupas”, explica Fernanda.
Para sapatos mais esportivos, como tênis de corrida e chuteiras de futebol, as arquitetas recomendam que seja montado um cantinho na área de serviço. Desta forma, o momento da limpeza se torna mais prático, rápido e evita-se que sujeiras mais pesadas sejam levadas para os dormitórios. “Se possível, tenha duas sapateiras em casa e separe os sapatos de acordo com o seu uso”, complementa Cristiane.
Como escolher a sapateira ideal?
Resolvido o dilema sobre qual cômodo vai comportar a sapateira, é preciso pensar no modelo. Com a grande variedade de peças que podem ser adquiridas prontas e uma infinidade de ideias e soluções para a execução sob medida, o morador pode ficar em dúvida sobre qual a melhor alternativa para o contexto do seu projeto.
A arquiteta Cristiane Schiavoni explica que o ponto de partida acontece por meio da análise minuciosa sobre o acervo de sapatos da pessoa. “Nosso trabalho é proporcionar a solução que melhor se adeque à realidade do cliente. Assim, busco saber a quantidade de peças que fazem parte do seu acervo e o estilo”, detalha. “Cada tipo de sapato, seja os mais baixos, como sandálias rasteirinhas e sapatilhas, tênis, salto altos e finos e botas, demandam espaços diferentes. Por isso, o projeto é personalizado”, afirma.
Atenção às medidas
No capítulo medidas, Bianca endossa a explicação de Cristiane Schiavoni sobre essa alternância em função do modelo de calçado que corresponde ao perfil do morador. Em linhas gerais, sapatilhas, rasteirinhas e chinelos ficam bem alinhados em prateleiras com 10 cm de altura, enquanto pares de tênis, sapatos sociais e de salto se ajustam melhor com um vão mínimo de 15 cm. Para as botas, de 35 e 45 cm é o ideal para comportar a altura média dos canos dos calçados. No que se refere à profundidade, a referência é considerar um vão de 40 cm. “Quando não é possível projetar uma peça sob medida, nossa recomendação é que a pessoa procure por um móvel que se adeque, da melhor forma possível, ao seu estilo de calçar”, afirma Bianca.
Melhor forma de organizar
No que diz respeito à ordenação dos sapatos, a dica é deixar acessível, e em prateleiras mais baixas, aqueles utilizados com mais frequência. Nesse pensamento organizacional, vale também separar os calçados sociais ou delicados dos esportivos como medida protetiva para evitar sujeiras e danos naqueles que são mais delicados. “Considerando a otimização, principalmente com sapatos femininos, indicamos posicionar um pé ao lado do outro, sempre intercalando a parte do calcanhar com a frente do pé. Esse ‘zigue-zague,’ que alterna a fração mais larga com a mais fina, ajuda a não tomar tanto espaço na sapateira. Cada centímetro conta!”, discorre Fernanda.
Sapateiras no hall de entrada
Com a pandemia e novos cuidados de higiene, se tornou ainda mais comum a prática de tirar os sapatos antes de entrar em casa. Mas, para que estes calçados não fiquem espalhados por todo o hall de entrada, as moradas passaram a contar com um cantinho destinado a eles, bem próximo à porta. “Quando montamos estes cantinhos, costumamos levar em consideração a acomodação não somente para os sapatos, mas também de bolsas, chaves e tudo que trazemos da rua. Por isso, o ideal é considerar a mesma linguagem decorativa para não destoar”, aconselha a arquiteta Cristiane.
Outro cuidado está relacionado à higienização frequente dos calçados. “Na verdade, a sapateira no hall de entrada é uma peça de transição e a ideia é que os sapatos não fiquem muito tempo por lá. Depois de limpos, devem ser guardados na parte interna da casa”, aconselha.
Sapateiras sem cheiro de chulé!
“É importante pensarmos também na questão do odor”, ressalta Cristiane. Por não lavarmos os calçados com a mesma frequência que higienizamos as roupas, eles são mais propícios a trazer odores para o lar. Porém, com alguns cuidados isto pode ser evitado. “É primordial que os calçados recebam ventilação. Por isso, caso o armário seja totalmente fechado, antes de guardar gosto de deixá-los arejando por um tempo”, orienta a especialista. Em casas onde a sapateira fica localizada muito próxima às roupas, ela não abre mão da limpeza imediata logo após o uso.
Sempre que possível, Cristiane declara sua preferência por sapateiras abertas, ou com portas de madeira ripada, com o intuito de propiciar a ventilação natural dos calçados. “Assim, evita-se a proliferação de bactérias e o cheirinho incômodo de chulé”, conclui.