Em muitas situações de reformas, há tantas alterações que necessitam ser realizadas, que é inevitável que não se faça a seguinte pergunta: vale mesmo a pena reformar ou seria melhor construir tudo novamente? Para ajudar a responder a essa questão importante, preparei um checklist com alguns exemplos que podem ajudar a tomar essa decisão. 

Expectativa x Realidade

Caso você tenha um sonho de fazer uma casa personalizada, que atenda desejos específicos, será preciso verificar se apenas a reforma (mantendo o imóvel com a estrutura atual) irá atender 100% de suas necessidades. Por isso, talvez seja o momento de demolir, para que o projeto não fique “travado” e você possa começar do zero, como uma folha em branco. Esse é um ponto importante para tomar uma decisão, afinal já haverá o custo da reforma mesmo, então você terá a oportunidade de montar a casa exatamente como almeja. Em apartamento não tem jeito, será necessário se moldar àquele espaço, não dá pra crescer mais. Porém, em casa existe a flexibilidade de construir de acordo com o gosto do morador. Isso é muito importante, afinal pode ser um endereço em que você e sua família permaneçam até o resto da vida, não é mesmo?

Condições do imóvel

Seja para um projeto comercial ou residencial, é necessário estar atento às reais condições do local para então se decidir. Em diversos casos de vistorias, pude acompanhar situações em que o imóvel já estava condenado – toda a parte elétrica estava muito antiga; a estrutura da construção já estava comprometida; o telhado estava em péssimas condições – enfim, às vezes sai mais caro manter o imóvel de pé do que demolir. 

Além disso, não são todas as residências e edificações antigas que possuem a planta original. Isso é uma dificuldade que nos deparamos muito no dia a dia, pois não temos todas as informações sobre o projeto, não dá para saber, sem realizar um teste, se há uma viga em determinada parede, ou como aquela estrutura foi pensada na época da construção. Assim, temos que perguntar muito e procurar por tais respostas minuciosamente. Portanto, em casos que haja desconforto nesse sentido, para evitar qualquer tipo de preocupação futura, o ideal é colocar tudo abaixo e iniciar o processo desde o início de forma correta e segura.

“Só sobraram as paredes”

Já fiz diversas reformas, especialmente em casas de praia ou interior, em que tivemos que retirar todos os revestimentos, bancadas e até o telhado. Ou, seja o imóvel ficou só com as paredes em pé. Geralmente, quando ocorre esse tipo de situação, vale mais a pena começar tudo de novo. Todas as vezes que fizemos as contas de casos assim no escritório, nós percebemos que não compensava reformar. E entramos novamente naquela questão que citei acima, em que o morador pode montar a casa exatamente como ele imaginou. 

Grandes intervenções

Quando se tratam de mudanças mais complexas, com muitas quebras de paredes, por exemplo, é preciso avaliar bem a decisão que faz mais sentido. Em projetos residenciais, é muito comum hoje em dia os clientes pedirem para integrar ambientes da casa, como a sala com a cozinha. Ou, então, reduzir um quarto da residência para ampliar a área de convivência. Em tais situações, já será preciso quebrar paredes de ambientes para ampliá-los, ou seja, será meio caminho andado. 

Em projetos comerciais, que é comum reaproveitarem casas mais antigas, é recorrente a necessidade de alterar os espaços para colocar uma seção nova na loja, ou incluir um andar extra. Por isso, é preciso fazer reforços estruturais em razão de tantas transformações. Tive um projeto comercial recente em que o proprietário não permitiu demolirmos o imóvel, em razão da locação do andar de cima. Porém nesse caso específico teria saído mais barato começamos do zero, para se ter uma ideia. No fim, tivemos que derrubar paredes do andar de baixo e gastamos muito com a colocação de estruturas metálicas para fazer o reforço total.

Prefeitura ou outros órgãos competentes

Já presenciei casos em que os clientes de residências não quiseram demolir os imóveis em razão da impossibilidade de ampliação desses espaços, já que só havia aprovação com a prefeitura da cidade em questão, para realizar uma construção com a metragem já existente. Em casos de tombamentos pelo Patrimônio Histórico, isso fica ainda mais restrito, pois não é possível mexer na fachada, demolir ou tirar área daquela edificação, em alguns casos, podendo apenas realizar uma reforma interna com regras determinadas. Por isso, é importante ficar atento às regulamentações de cada tipo de imóvel, em especial os mais antigos.

Custos

Já citei nos tópicos acima, mas mais uma vez enfatizo a questão do custo, que com certeza é um dos fatores determinantes. Um bom planejamento, levantando todas as informações relevantes, é a verdadeira chave para saber o que é mais vantajoso. Quanto vai me custar uma reforma? E uma demolição? Com isso na ponta do lápis fica mais fácil decidir.

Em caso de dúvidas, o ideal é contratar o auxílio de uma consultoria especializada para dar esse suporte. Nós aqui do escritório realizamos esse tipo de serviço, ajudando o cliente a quantificar todos os itens necessários para aquela obra, mostrando o melhor caminho a seguir. Porém, já adianto que ter um projeto bem definido em mãos é essencial para chegarmos nessa resposta. 

Por fim, mesmo com todos os exemplos, afirmo que cada caso precisa ser avaliado de forma individual e por profissionais experientes. Portanto, sempre consulte os especialistas para evitar futuras dores de cabeça.

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT. 

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