Quem não tem boas lembranças de momentos na cozinha? É o cômodo da casa em que a família se reúne para fazer os pratos preferidos, de onde vem aquele aroma delicioso do café e do bolo quentinho, em que as receitas de família são passadas de geração para geração, entre muitas outras lembranças maravilhosas. Para que o seu espaço seja totalmente aproveitado, a cozinha necessita ter uma boa estrutura. Por isso, para quem está pensando em reformar esse cômodo tão especial, daremos dicas para acertar em sua composição. Faremos uma espécie de Check List, em duas partes, com muitos pontos importantes que devem ser considerados. Seja você cliente ou profissional de arquitetura, com certeza vai gostar das sugestões. Confira!

Primeiras Definições

Hoje em dia, a maior concentração dos eletrodomésticos está na cozinha – fogão, geladeira, micro-ondas, lava-louças, fritadeira elétrica, coifa, etc. Por esse motivo, durante a reforma, mesmo se você não for comprar todos os equipamentos de uma vez, pelo menos você deve definir quais serão os modelos pretendidos, para que seja possível já fazer toda a marcenaria, de acordo com as medidas dos produtos que serão embutidos. Outra escolha importante está relacionada à parte elétrica, em que é preciso decidir qual será a potência (110V ou 220V), assim como o consumo energético de cada um dos eletrodomésticos, para que não ocorram surpresas desagradáveis quando chegar a conta de energia muito alta, ou mesmo para saber se a estrutura da sua casa ou prédio é compatível com as suas necessidades. 

Nas reformas que eu comando, para o projeto elétrico e de iluminação, eu sempre indico a contratação de um engenheiro eletricista para fazer um laudo bem detalhado, a especificação de todos os itens (cabos, disjuntores, etc), e garantir a segurança de meus clientes. Afinal, o excesso de pontos de eletricidade pode causar curtos-circuitos, queima de aparelhos e até incêndios muito graves. Então, nada melhor do que planejar corretamente como será essa distribuição. Por fim, para quem for instalar um cooktop ou forno a gás, isso também deve ser avisado antes, para que seja puxado um ponto de gás para esse objetivo. 

Revestimentos

Assim como no meu artigo anterior, em que citei que a escolha de móveis e revestimentos para a sala de estar dependiam do uso no dia a dia, na cozinha vale a mesma regra: a escolha das peças também terá que respeitar a rotina e perfil dos moradores. Infelizmente, hoje em dia, parte das construtoras entregam os apartamentos com revestimentos cerâmicos bem porosos na cozinha (e em alguns casos de baixa qualidade também). Fato que me faz ver muita gente reclamando que, com o tempo, aquele piso acaba absorvendo bastante sujeira. Por esse motivo, talvez o ideal seja trocar pelo porcelanato que é mais resistente e não irá absorver substâncias com tanta facilidade. 

Também é necessário tomar cuidado com assoalhos de madeira e pisos vinílicos, que tem maior fragilidade na interação com líquidos e, assim como no exemplo da bancada, requerem uma manutenção maior. O importante é o cliente estar ciente e bem orientado sobre como cuidar daquele piso. A partir daí, ele pode escolher o material que mais tem a ver com o seu gosto pessoal. 

Bancada da cozinha

Essa é outra definição muito importante. Similar ao que falei sobre os revestimentos, a bancada deverá ser de um material que atenda às necessidades diárias da família. Portanto, mais uma vez, a ajuda de um profissional especializado é muito bem-vinda! Caso você opte por um mármore, por exemplo, é preciso tomar muito cuidado! Por se tratar de uma pedra muito porosa, a sua limpeza deve ser feita logo após o uso, pois o risco de aparecem manchas é bem alto. Dessa forma, se você sonha em incluir esse material, vai ser preciso saber que sua manutenção é mais trabalhosa. 

Para quem costuma colocar panelas quentes em cima da bancada, também é preciso prestar atenção à escolha: granito, mármore ou quartzo não são indicados para esse fim, pois podem estragar. Nesse caso, o ideal é investir nas lâminas de alta densidade, que suportam altas temperaturas e até mesmo permitem o corte de alimento em cima da superfície, sem riscar. Tais lâminas, por terem os poros mais fechados, não apresentam o risco da proliferação de bactérias, olha só que interessante!

Torneiras e Cubas

Quando falamos de bancadas, também temos que pensar nas cubas e torneiras. Pois, geralmente, quando a pedra da bancada é adquirida, já são feitos os furos e recortes para a instalação desses itens na própria marmoraria, assim como será definido o ponto de hidráulica para a realização da obra. Sendo assim, há a necessidade de escolher os modelos antecipadamente (como cubas únicas ou duplas) e (torneiras, misturadores ou monocomandos – de parede ou bancada), além de suas medidas e tipos. Portanto, cozinha é sinônimo de planejamento. 

Triturador

Esse é um item cada vez mais presente nas cozinhas e que eu, particularmente, recomendo muito! A partir dele, nós diminuímos muito a quantidade de lixo orgânico em nosso dia a dia. 

Água Filtrada

Uma dica é já pensar em uma torneira de água filtrada, pois isso facilita muito enquanto a pessoa cozinha. Muitos clientes costumam pedir duas torneiras para a pia – uma com água da rua normal e, a outra, já filtrada. Por isso, veja isso antes. 

Hidráulica

No meu artigo sobre banheiros, eu já havia levantado essa questão, mas é sempre bom reforçar! Hoje, é essencial que as cozinhas tenham água quente e fria não é mesmo? Por isso, em quase todos os empreendimentos, a tubulação de PVC (antes utilizada para essas ligações), está dando lugar para os tubos PEX, que se tratam de mangueiras bem flexíveis, além de mais fáceis para fazer recortes na parede. Mas, como eu relatei anteriormente, para esse tipo de instalação é necessária uma mão de obra qualificada. Infelizmente, nem todos os profissionais do segmento ainda sabem trabalhar ainda com esse novo material (que, inclusive, requer um equipamento diferenciado e mais caro para instalações e manutenções). Portanto, verifique se quem vai fazer o serviço já tem familiaridade com a tubulação PEX, ok?

Geladeira

Tem muita gente que escolhe aqueles modelos de geladeiras com dispenser de água e gelo. Mas, antes de mais nada, para isso é preciso que você inclua um ponto de água a na parede. Portanto, eu indico que você olhe o manual técnico, pois cada fabricante costuma pedir esse ponto em uma localização específica – podendo ser mais alto ou mais baixo a depender do modelo. 

Back Splash

Esse é um termo que define qual é o vão / espaço que fica entre a pia da cozinha e o armário. Geralmente, eu gosto de trabalhar nos meus projetos, com mais ou menos uns 70cm 75cm de medida – para não ser tão baixo a ponto de bater a cabeça no armário, ou atrapalhar quem está lavando a louça; nem muito alto para impossibilitar o manuseio dos utensílios nos armários (principalmente para quem é mais baixinho).

Muita gente gosta de incluir também a rodabanca (que consiste naquela pedra que fica logo acima da bancada, geralmente com a mesma pedra da pia – com uns 10cm / 15cm de altura). Eu, particularmente, não acho que fica tão interessante, pois incluir somente um revestimento único (cerâmica ou porcelanato) para o backsplash inteiro deixa o espaço mais moderno, além de também cumprir a função de proteção. Porém, tudo vai depender do gosto do seu cliente. 

Calhas

Uma tendência muito forte nos projetos são as calhas secas e / ou calhas úmidas, que você pode embutir na própria bancada. Essa calha pode servir como escorredor de pratos, como porta temperos, para você colocar algum talher ou utensílio enquanto está cozinhando. Enfim, se trata de um espaço auxiliar para contribuir no dia a dia. Além disso, fica muito bonito na decoração. Porém, no caso da calha úmida, é necessário conectá-la com uma saída para a tubulação, pois a louça vai escorrer.

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.

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