Para quem acompanhou o nosso artigo da semana passada, hoje daremos prosseguimento ao especial de reforma de cozinhas. É normal que, principalmente os casais mais jovens estejam muito empolgados e cheios de planos para o cômodo reformulado. Porém, por mais que a ansiedade esteja forte, é necessário pensar em cada um dos tópicos a seguir com muita calma, para que o sonho da cozinha perfeita se torne uma realidade. Espero ajudar no que for preciso, seja para você (morador de primeira viagem), ou mesmo para os profissionais de arquitetura e decoração que têm menos familiaridade com esses itens. Vamos lá?

Marcenaria

Como estamos falando de uma área molhada, ou com o risco de apresentar algum tipo de vazamento de sifão, por exemplo, o ideal é que a marcenaria seja feita com um material de qualidade. Hoje em dia, há vários tipos de MDF que são resistentes à umidade – como o MDF Verde (o nome vem exatamente em razão de sua cor), ou mesmo as madeiras maciças. Porém, para quem deseja economizar um pouco, uma dica é investir no MDP, que também é tão ou mais resistente, porém apresenta um preço mais acessível que os outros dois exemplos citados. Agora, para quem sonha em fazer a marcenaria com uma cor diferente (tipo aquela que você viu na revista) uma dica é revestir tudo em laca, pois assim é mais fácil chegar nos tons desejados e que talvez sejam difíceis de se encontrar nas lojas. 

Armários

É preciso definir se as portas dos armários serão de correr ou de giro. Cada tipo de escolha tem vantagens e desvantagens. Para quem tem um apartamento de metragem enxuta, os móveis com portas de correr costumam ser mais eficientes, pois economizam o espaço de abertura, evitando que encoste em outros móveis ou luminárias. Só fique de olho no valor das ferragens, que muitas vezes encarecem o preço dos móveis.

Já para quem tem mais espaço é possível investir nas tradicionais portas de giro. Recomendo que seja realizada uma medição prévia (já contando com o tamanho da porta totalmente aberta) para evitar o risco de comprar um móvel de tamanho inadequado. Para metragens maiores, inclusive, é possível fazer um mix entre os dois tipos de armários, de acordo com o gosto do morador. 

Espaço Interno Armários

Esse é um assunto que gera muita dúvida. É preciso planejar o espaço interno dos armários e suas prateleiras, de acordo com os usos e necessidades. O ideal é que você possa otimizar cada parte, de acordo com as medidas dos principais utensílios que você vai colocar lá – como copos, taças, pratos, panelas, etc… para que não sobre nem falte metragem, não é mesmo?  Pensar em subdivisões também é muito importante para que seja até mais fácil para pegar os objetos no dia a dia. 

Para quem vai incluir armários com portas de correr (como citei acima) é importante saber que há uma pequena perda de espaço. Como as portas são movimentadas de um lado para o outro, há uma redução no espaço interno do móvel por conta dos trilhos – em que geralmente uma porta fica na frente da outra. Em todo caso, atualmente, o mercado até já disponibiliza tipos de ferragens em que as portas ficam completamente alinhadas, mas ainda estão com valores mais altos.

Base de alvenaria

Quando você for fazer a marcenaria da cozinha, é importante que o móvel não encoste no chão para não pegar umidade. Pensando nisso, há algumas soluções que podem ser feitas. Por exemplo, em meus projetos, eu faço uma base de alvenaria, em que eu encho de cimento e, depois, eu instalo o mesmo acabamento da bancada para esconder essa base de concreto (que fica ali logo atrás). Há também marcenarias que produzem um “pezinho” para o móvel, portanto é só criar um acabamento ali para escondê-lo, de forma parecida com o exemplo anterior. Finalmente, outra solução é fazer o móvel mais alto e afastado do chão mesmo, para que seja possível realizar a limpeza e a manutenção do dia a dia (como passar uma vassoura ou rodo por baixo).

Coifa

Você sabe qual é a medida limite de uma coifa? O que que seria isso? Pois, acredite, é um detalhe muito importante e que pode interferir na segurança da sua casa. Vou dar um exemplo: se no manual técnico do equipamento estiver escrito que a coifa deve ficar, entre 70 cm e 90cm afastada da bancada. É preciso seguir à risca essa recomendação, do contrário há o risco até da cozinha sofrer um incêndio. Mas por quê? O motivo é simples, a coifa armazena gordura ali, portanto pode pegar fogo se estiver abaixo da especificação mínima de altura. Ao mesmo tempo, também não se pode ultrapassar a altura máxima, pois isso pode prejudicar o funcionamento do equipamento, que pode fazer com que os odores indesejáveis de fritura se espalhem.

Ainda falando nisso, você sabe a diferença entre a coifa e o depurador? A primeira é ligada em um duto que fica localizado no lado externo da residência. Já a segunda armazena toda a gordura em um filtro. Como, há prédios em que não há essa saída do duto para a instalação da coifa, então se faz necessário utilizar o depurador mesmo. Porém, em muitos casos, o depurador pode resultar numa perda de 15% a 20% da sucção em relação à coifa. Portanto, para quem prefere uma vazão maior, nós indicamos que se adquira um depurador mais potente para esses fins. 

Cooktop

Cada vez mais as pessoas têm trocado os fogões por cooktops, pois com eles há a possibilidade de você deslocar o forno para outro ponto da cozinha, de forma independente, ou mesmo fazer as “torres de cocção”, que são bem práticas e ficam em uma altura mais confortável (em que a pessoa não precisar abaixando para olhar como está o ponto do assado). Diferente do fogão tradicional, em que o forno já está integrado. Atualmente, o mercado oferece alguns tipos de cooktops: os modelos a gás, elétrico e de indução. Para isso, verifique com o profissional que está orientando a sua obra, qual é o mais indicado para você! 

Dica importante: Quando for fazer a torre de cocção, verifique se os aparelhos (forno e micro-ondas) liberam o ar quente através de uma grelha. Do contrário, será preciso fazer um “respiro” que permita a saída do calor, para que os seus equipamentos não queimem por estarem embutidos na marcenaria. Há marcas que já apresentam essa solução, mas é muito importante se certificar disso, por meio das especificações técnicas do manual. Veja também com os fabricantes as distâncias recomendadas para a colocação de marcenaria, tomadas, etc, para garantir a segurança total da sua cozinha. 

Iluminação

Por fim, mas não menos importante, vamos falar da iluminação! Para que você possa cozinhar e fazer as atividades diárias em segurança, a iluminação é um dos principais fatores a ser considerado. Para isso, é preciso ter uma luz mais focada na bancada de trabalho. Um erro muito comum é quando o morador utiliza uma iluminação geral no teto, porém inclui um armário superior logo acima da bancada, o que automaticamente gera uma sombra e atrapalha a visualização. Nesses casos, quando não for possível instalar um pendente de foco, por exemplo, uma solução é colar uma fita de led abaixo desse armário, de forma a tornar tudo mais prático e funcional. 

Para quem tem a cozinha integrada com a sala de estar / jantar, no estilo cozinha americana, uma dica bacana é investir na automação e dimerização, de forma a criar várias cenas de acordo com a necessidade no decorrer do dia. Você pode deixar uma iluminação mais cênica e suave durante as refeições, assim como uma luz mais forte enquanto prepara as receitas. Falando no cuidado com os alimentos, uma dica importante é sempre incluir lâmpadas com IRC (Índice de Reprodução de Cor) acima de 90, pois isso garante que o ambiente será iluminado e apresentará as cores compatíveis com a realidade. Isso é essencial para visualizar a qualidade dos ingredientes.

Por fim, ainda falando na cozinha integrada com a sala, aconselho a incluir lâmpadas com a mesma temperatura de cor em ambos os ambientes, para trazer unidade – de preferência branco quente (2700k a 3000K) ou neutro (4000K), que tornam o espaço mais agradável. 

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Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.

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