Em meus artigos, tenho falado bastante sobre reformas nos principais ambientes da residência, como sala, cozinha, banheiro, lavanderia, etc. Porém, para quem mora em casa – seja térrea ou sobrado, há uma parte muito importante, que requer cuidados e, que muitas vezes acaba sendo esquecida: a calçada! Afinal, ela simboliza o elo entre o seu imóvel e a via pública e, assim, como outros espaços, deve ter segurança e uma estética apurada, além de estar de acordo com as normas técnicas do município. Portanto, hoje vou focar em dicas para a melhoria das calçadas, sendo que também podem ser aproveitadas para imóveis comerciais ou corporativos. Vamos lá?

Primeiro contato

Para começar a conversa, é necessário criar uma consciência de que a calçada está totalmente relacionada ao projeto urbano. Então, por que não criar algo belo para você e para quem passa em frente da sua casa? A arquitetura das edificações sempre está relacionada com o urbanismo. Dessa forma, é muito egoísta pensarmos somente no empreendimento isolado, sendo que ele se expõe para a cidade. Por isso, a arquitetura deve conversar com o meio externo. Portanto, tenha em mente que a calçada deve interagir com o imóvel do qual faz parte e também com o contexto urbano.

Finalidade

Além da parte estética, o tipo de calçada será diferente de acordo com a utilização do imóvel – residencial, comercial ou corporativo. Por exemplo, se o local tiver um fluxo constante de veículos, como a entrada do estacionamento de um estabelecimento, ou uma empresa de transportes, com grande movimentação de veículos, será necessário um cuidado maior na escolha dos materiais. Afinal, a compra de revestimentos errados resultará na pouca durabilidade, trincas e até mesmo a chance de a calçada afundar com o peso. Assim, o ideal é que o revestimento seja indicado para alto tráfego e possua uma malha adequada de ferragem por baixa da concretagem.

Fique de olho

Se engana quem pensa que fazer uma calçada significa apenas colocar concreto, já que existe uma série de aspectos que podem mudar completamente o visual e a qualidade do projeto. Por isso é extremamente importante contratar uma equipe especializada. 

Para clientes residenciais ou comerciais, considero essencial chamar um arquiteto para desenvolver o projeto da pavimentação – indicar onde serão localizados jardins, bicicletários, parklets, mobiliários urbanos (como bancos e mesas), paginações da pavimentação, regras de acessibilidade, etc. 

Já para o caso de reformas grandes, há algumas empresas no mercado especializadas em reformas de pavimentação pública. Então, aconselho esse tipo de serviço para a execução da obra, assim não haverá imprevistos com retrabalhos ou cronograma.

Cuidados durante a reforma

Na hora de gerenciar o fluxo de pedestres durante a reforma, também é essencial contar com profissionais da área para garantir a total segurança. Afinal, essa tarefa não é tão simples quanto parece! Não podemos simplesmente isolar o acesso pela calçada, porque isso pode gerar riscos de acidentes. Portanto, precisamos criar alternativas para não impedir o fluxo. Normalmente o que é feito é um desvio dos pedestres para a rua, mas com todas as sinalizações de segurança para os carros desviarem também. 

Tipos de pisos

É muito importante ter cautela e saber escolher o piso adequado. Com os problemas que temos de enchentes, o crescimento urbano desorganizado e sem o escoamento das águas das chuvas, eu indico a utilização do piso intertravado nas calçadas. Motivo: esse modelo possui uma porcentagem de permeabilidade, que ajuda a absorver a água, minimizando os problemas das enchentes.

E, além dos pisos intertravados, há várias opções no mercado de pisos drenantes, que também são excelentes alternativas para resolver os problemas de escoamento das águas das chuvas. Observação: nesse caso só é preciso observar bem onde instalar, pois esse piso possui maior irregularidade, portanto é preciso estar atento à segurança dos pedestres.

Principais erros

Infelizmente, em razão da falta de conhecimento sobre o assunto, é comum encontrar muitos erros nas calçadas das cidades brasileiras, que representam grandes perigos. Entre os mais comuns estão: 

– Moradores que plantam árvores e vegetações grandes, que posteriormente vão quebrar toda a calçada quando a espécie crescer, por falta de entendimento de paisagismo (sem saber como cresce aquela determinada raiz).

– Calçadas impróprias na frente do imóvel. Atenção: mudar o tipo de piso da frente de casa pode implicar em riscos para os pedestres e problemas para os proprietários. Por exemplo, caso o morador instale um porcelanato liso, ele será responsável caso alguém sofra um acidente ao escorregar, afinal não instalou um produto adequado.

– Guias rebaixadas na frente de imóveis, principalmente no comércio. Há uma regra, que deve ser seguida e representa uma determinada proporção da largura da fachada da edificação. Afinal, não é possível sair rebaixando tudo, de forma aleatória.

– Degraus nas calçadas: não podemos construir uma escada no meio de uma calçada, pois poderá interferir na circulação e segurança dos pedestres. Então, se for necessário construir uma escada para acessar o imóvel em questão, ela deve ficar dentro dele e não na calçada.

O que uma boa calçada precisa ter?

A recomendação é seguir todas as normas impostas pela prefeitura (de acordo com a sua cidade), inclusive as de acessibilidade, como piso guia para deficientes visuais, rampas para cadeirantes, entre outras exigências para tornar o espaço acessível. 

Outro exemplo interessante é sobre os canteiros verdes em calçadas, que também têm regras específicas de acordo com cada cidade. Em resumo, um item essencial é respeitar o espaço do pedestre, sem impactar na circulação, por isso, há uma largura mínima para ser seguida.

Aprovações

Dependendo da reforma será preciso aprovar na prefeitura, recolher RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) ou ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), mas tudo vai depender do tipo de intervenção. Como sempre digo, o ideal é ter a consultoria de um profissional especializado em cada caso. 

Se for preciso cobrir uma área atualmente descoberta, criar novos acessos, rebaixar a guia, entre outros itens, que geram intervenções maiores, é preciso com certeza aprovar na Prefeitura. Porém, dependendo do quer for executar, mesmo não havendo a necessidade de aprovação, convém seguir várias normas já pré-estabelecidas, como o tipo de pavimentação adequada, largura da circulação para os pedestres, tamanho das áreas verdes, entre outras regras. Isso gerará tranquilidade para todos. 

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Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.

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