A obra pode ser um momento de muito estresse para qualquer cliente. Não só está em jogo a expectativa com o resultado final, mas também a ansiedade de lidar com os diversos problemas que podem aparecer. É exatamente nessas horas que a expertise de um bom arquiteto, que sabe lidar prontamente com os obstáculos, faz toda a diferença. Por isso, no artigo de hoje, compartilho os problemas mais comuns na reforma e a melhor maneira de resolvê-los.
Gestão de pessoas
Com certeza, em algum momento, o arquiteto vai enfrentar um problema de gestão de pessoas na obra. Primeiramente porque, na construção civil, encontram-se muitos profissionais que estão trabalhando há anos na área. Um exemplo é aquele pedreiro resistente a mudanças que não está em sincronia com a nova tecnologia e os sistemas construtivos diferentes. Nessa ocasião, não adianta evidenciar o fato de não dá para instalar os materiais usando métodos obsoletos, pois não vai ter efeito nenhum.
E esta é apenas uma das facetas do problema. É muito comum o arquiteto se encontrar em uma situação onde há ausência de comprometimento das pessoas da equipe: faltas sem aviso prévio, sumiço após o recebimento do pagamento e outras atitudes que apontam para uma falta de responsabilidade séria.
Mas, mesmo que os trabalhadores sejam ótimos e não causem nenhum problema, ainda haverá a questão de conciliar todos os profissionais com serviços a serem realizados na obra. Cada um vai tentar adiantar a sua atividade, sem levar em consideração como isso impactará o desenvolvimento dos outros projetos.
O que resolve o problema em todos esses casos é o pulso firme e uma boa organização. Pulso firme para lidar com os diferentes tipos de personalidade da equipe e organização para preparar um cronograma cujos serviços não interfiram entre si.
Imprevistos e atrasos no cronograma
A segunda situação mais comum nas obras são os imprevistos que geram atrasos no cronograma, que podem estar relacionados tanto aos insumos como às “surpresas” da construção.
Tubulação furada, material que chegou errado e hidráulica ruim são somente alguns exemplos de situações inesperadas que acabam fazendo parte da rotina da maior parte das reformas.
Isso, principalmente em conjunto com uma equipe descompromissada, tem potencial para gerar atrasos no cronograma, o que, por si só, é um grande problema. Ultrapassar o prazo pode acarretar multas contratuais (mais comuns em projetos corporativos) e atrapalhar a vida dos moradores, caso seja um projeto residencial — afinal, os mesmos terão que arcar com um período mais longo de aluguel em outro lugar.
A chave para lidar bem com esse cenário é agir rápido: chame o cliente e explique o que está acontecendo. Se o problema é de material ou da própria construção, corra para uma loja especializada e busque resolver o quanto antes. A pessoa que trabalha com obra precisa estar preparada para receber imprevistos e tomar decisões rápidas. Também é uma boa saída sempre passar um deadline maior ao cliente, que já leva em consideração as eventuais surpresas.
Logística de material
Tão importante quanto o planejamento do cronograma, é a organização do fluxo de compra dos materiais. O ideal é preparar uma agenda de aquisição dos materiais necessários contemplando a semana seguinte, para que a equipe não tenha que parar o serviço por falta de insumos.
Um exemplo que é bastante corriqueiro: de manhã, o pedreiro pede para comprar um saco de cimento e, ao final daquele mesmo dia, solicita mais três. Então fica a pergunta: o tempo dessa equipe está sendo otimizado?
Na realidade, quem trabalha em obra tem costume de apagar incêndios, ou seja, resolver somente o problema que está na sua frente naquele momento. É justamente aí que entra o gerenciador da obra, para reunir os profissionais prestando o serviço e estabelecer o que será necessário para a semana atual e seguinte de trabalho. Ele deve fazer uma lista detalhada e nunca deixar isso na mão dos funcionários.
Até porque, podemos voltar à situação dos atrasos: é capaz da loja não ter o produto em estoque e essa encomenda atrapalhar o calendário das atividades. Além disso, esse pedido constante de materiais, com certeza vai aumentar o gasto com frete e, consequentemente, ampliar as chances de estourar o orçamento, que é o próximo problema mais habitual das obras.
Estouro de orçamento
Extrapolar a verba é um dos problemas mais graves quando se trata de obras, pois é o próprio escritório que terá que absorver o custo excedente. Portanto, o arquiteto precisa estar muito atento ao orçamento em suas diversas facetas, incluindo desde o custo com a contratação da mão de obra — que será maior caso a reforma se estenda além do planejado — até os insumos e imprevistos.
A construção do orçamento é uma atividade que deve contar com plena dedicação do profissional de arquitetura. Entre outras coisas, levanta-se a quantidade necessária de tomadas, as metragens da parede, do forro e da pintura, etc. Todos esses pequenos detalhes, quando bem observados de início, fazem toda a diferença no mantimento do budget.
Vale ressaltar que nunca é bom deixar o orçamento na mão do empreiteiro, porque dificilmente ele será tão minucioso. Outra dica importante é lembrar de incluir uma brecha para os imprevistos, assim, não ficará tão pesado absorver o gasto com as surpresas.
Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)
Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.