Existe uma lenda urbana que ronda os sentimentos de quem está prestes a viver um período de reforma: o temor de que os prazos de obra nunca sejam cumpridos e que o tempo estimado sempre aumenta. De certa forma, essa é uma realidade para quem não tem um profissional de arquitetura à frente dessa execução. Porém, quando o futuro morador entrega a realização do seu projeto e o acompanhamento nas mãos de um especialista, essa ‘máxima’ deixa de existir. “O conhecimento que temos nos permite trabalhar com um planejamento real, levando em consideração os custos, quantidade de materiais e especificidades do trabalho, tornando o processo assertivo e organizado”, explana a arquiteta Júlia Guadix, responsável pelo escritório Studio Guadix.
É claro que o surgimento de novas situações ou intercorrências podem acontecer, mas ainda assim, diante dos fatos, quem vive a realidade de obras é capaz de gerenciar a questão e recalcular a rota. “Com tantas outras questões interligadas, fatos inesperados podem surgir, mas é justamente pela experiência que trazemos em nossa bagagem que conseguimos resolver problemas para que esse tempo não seja praticamente alterado”, explica.
De acordo com a arquiteta, é preciso respeitar as etapas para que tudo ocorra de forma fluida. O primeiro passo para uma obra que anda bem, é ter um bom planejamento. E o planejamento da obra é o PROJETO. Um projeto bem conduzido deixa o cliente seguro das decisões que vai tomando e isso diminui consideravelmente as alterações solicitadas ao longo da obra. Mas o projeto não é só 3d, ter o projeto executivo em mãos é fundamental para realizar os orçamentos e, posteriormente, iniciar a obra. “Eu sempre defendo que os orçamentos são a primeira etapa da obra. É imprescindível saber quanto vai custar a obra como um todo para o cliente poder se programar e priorizar seus recursos. Antes que o cliente gaste 1 centavo do seu orçamento, nós montamos uma planilha com orçamentos que vão desde a mão de obra civil, revestimentos, marcenaria, marmoraria, louças e metais, ar condicionado, iluminação, etc., até móveis, eletrodomésticos, cortinas, tapetes e decorações.” Tendo o panorama completo dos custos da obra, é possível reespecificar ou cortar algum item ou até mesmo programar a execução da obra em fases, de acordo com as possibilidades financeiras dos clientes. O importante é ter estes dados antes de comprometer seu orçamento, para evitar obra parada ou endividamento não previsto.
Como calcular o tempo de uma obra
Para determinar o tempo investido em cada tarefa, leva-se em consideração os itens listados no orçamento para cálculo da atividade por meio da análise entre volume de serviço x a produtividade média. E é justamente a vivência em obra que determina o indicador presumido pelo profissional de arquitetura ou engenheiro responsável por montar o cronograma da obra. “E para que cada período seja cumprido, é fundamental considerar a presença de um responsável técnico para esse acompanhamento e gerenciamento das tarefas e prazos”, orienta a especialista.
Cada caso é um caso, mas a título de referência, desde que o projeto esteja plenamente acertado, uma obra de reforma completa de um apartamento leva, em média, seis meses para a sua realização. Em imóveis menores ou a reforma de apenas alguns ambientes, Júlia sugere um prazo menor de quatro meses. Mas é importante frisar que cada caso é um caso, para uma estimativa correta é preciso analisar o projeto, o imóvel, as restrições de horários de serviços e a disponibilidade financeira do cliente.
Embora todos os cálculos sejam essenciais, Júlia enfatiza que o poder da comunicação é elemento chave para o sucesso. “Assim como em quaisquer outros cenários, conversas claras, objetivas e assertivas são primordiais para evitar mal entendidos que atrapalham aquilo que é esperado”, analisa. Durante a obra, direcione as dúvidas e sugestões para o responsável pela obra e evite pedir alterações diretamente aos funcionários, isto pode gerar custo e prazo extra na sua obra, sem aviso préviso. Segure a ansiedade e lembre-se do porquê de cada escolha antes de pedir uma alteração – um bom arquiteto saberá te equilibrar neste ponto. O responsável pelo gerenciamento da obra deve manter o cliente ciente das compras e prazos para que não falte material na obra, nem que uma entrega seja feita antes do momento correto e acabe atrapalhando a dinâmica dos serviços, ou até sumindo ou danificando estes itens no decorrer da obra.
A pressa do final do ano
A reta final do último bimestre do ano é acompanhada pela ansiedade de ter o imóvel pronto para a alegria de realizar as festas na casa nova. Mas para a arquiteta, não adianta ativar o modo pressa no mês de novembro: considerando que a condução costuma avançar para dezembro, é muito provável que seja prolongada para janeiro, já que costumeiramente as equipes de trabalho entram de recesso durante as férias de final de ano. “O indicado é adiantar o planejamento para meses antes, de modo a evitar a frustração de não inaugurar a reforma tão aguardada. Um projeto bem detalhado leva cerca de três meses para ficar pronto, depois é preciso de duas a quatro semanas para alinhar os orçamentos e programar o início da obra, para aí então começar a contar o prazo da execução. Então para uma reforma completa de um apartamento estar pronta para o Natal sem dor de cabeça, recomendo fechar a contratação do projeto até fevereiro! E se não ficar pronto, lembre-se que no próximo ano teremos Natal novamente!”, aconselha.