*Por Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais

Em 2020, após os efeitos iniciais da pandemia em março e abril, os consumidores voltaram a atenção para suas casas e a demanda por obras e reformas atingiu um alto patamar. O setor conviveu com ajustes em toda a cadeia da construção e se preparou para bons resultados em 2021. A expectativa de crescimento de faturamento para o ano se concretizou, mas foi puxada principalmente por preço e não por volume. Os resultados para o ano, no entanto, foram superiores aos patamares pré-pandemia. Em 2022, a estimativa é de desaceleração com leve crescimento na construção civil como um todo e também no varejo da construção.

A construção civil em 2020 e 2021

Quando a pandemia mostrou que impactaria o Brasil em abril de 2020, veio uma sensação de extremo pessimismo para indústrias e varejistas da construção civil. O setor foi mais impactado que a média na crise econômica de 2015 e 2016 quando o PIB do Brasil caiu quase 7% e o PIB da construção civil caiu aproximadamente 20% no mesmo período. Por conta disso, pesquisa Juntos Somos Mais realizada em abr/20 com as indústrias participantes do seu ecossistema apontou que 92% indicavam que 2020 seria pior que 2019. No entanto, ao final de 2020 a percepção havia se alterado e 89% indicaram que 2020 foi melhor que 2019. No mesmo passo, também 89% indicaram que 2021 seria melhor do que 2020. À medida que o ano de 2021 se aproximou do final, o otimismo se sustentou e 67% das indústrias indicaram que o faturamento em 2021 cresceu por volta de 20% versus 2020 e o volume em torno de 10% — mostrando que de fato boa parte do crescimento foi impulsionado por aumentos de preço e não de volume.

Em 2020, estudo da Juntos Somos Mais apontou que 75% do crescimento era justificado pelo auxílio emergencial. A redução do auxílio em 2021 juntamente com aumento de inflação e liberação mais ampla do comércio (antes restrito a itens essenciais que incluíam materiais de construção) colaboraram para o crescimento menor no varejo da construção apontado acima. Apesar das reduções, o setor opera em patamares superiores a 2019 conforme ilustrado pelos dados de consumo de cimento de julho a outubro de 2021 que apresentaram um aumento de 17,2% vs. o mesmo período de 2019.

O setor imobiliário, que depois “puxa” o consumo no varejo da construção, tem mantido bons resultados em 2021. De acordo com a ABRAINC, foram vendidas 97,3 mil unidades entre janeiro e agosto de 2021, um número 14,6% maior do que no mesmo período de 2020 e 39,2% maior do que em 2019. Também foram lançadas 78,9 mil unidades, 49% mais imóveis do que no mesmo período do ano anterior. O valor total financiado até outubro cresceu 85,4% frente ao mesmo período do ano passado, de acordo com a ABECIP. As construtoras estiveram com níveis de ocupação acima de 70% durante todo ano de 2021 alcançando 76% em outubro, de acordo com o NUCI-FGV.

E o que esperar de 2022?

O cenário macroeconômico com alta de inflação e aumento da taxa de juros, que recém subiu para 9,25% vs 2,00% no auge da pandemia, torna o financiamento de imóveis menos atrativo para o consumidor final e gera mais incertezas para o varejo da construção. Aumentos no custo do gás e dos combustíveis podem seguir pressionando as indústrias a repassarem seus custos adiante na cadeia. O programa Casa Verde e Amarela do Governo Federal tem sofrido com este aumento e as vendas, até setembro de 2021, foram 14% menores do que as do mesmo período de 2020.

Apesar dos ventos contrários e de toda a instabilidade causada pelo período eleitoral, o setor no geral está otimista para 2022: o índice de confiança da FGV, em outubro de 2021, ficou em 96.1, nível mais alto desde fevereiro de 2014. Pesquisa da Juntos Somos Mais com as indústrias participantes no seu ecossistema indica que as indústrias esperam crescimento por volta de 10% em faturamento em 2022, sendo que 38% esperam crescimento maior de 10%, outros 38% esperam crescimento de até 10% e os demais 25% esperam manutenção ou redução de até 10%. Outro estudo realizado com proprietários de lojas de materiais de construção pela Juntos Somos Mais conduzido em novembro de 2021, mostra que 46% das lojas tiveram crescimento no faturamento no ano, sendo que 32% indicaram crescimento de até 20% e os outros 14% crescimento superior à 20%; por sua vez,,33% reportaram queda no faturamento. Para 2022, o mesmo estudo indica que 76% dos proprietários esperam crescimento, sendo que 22% esperam crescimento acima de 20%, 54% crescimento de até 10% e apenas 8% esperam redução no faturamento.

Historicamente o setor da construção civil é mais impactado com as instabilidades econômicas do que a economia em geral, e, apesar de 2021 não ter apresentado o mesmo crescimento de 2020, foi um ano positivo. Os números mostram a resiliência de um setor que se adapta rapidamente e consegue crescer mesmo em momentos de adversidade. Para 2022, a estimativa da Juntos Somos Mais é crescimento de 11% em faturamento e 2% de crescimento em volume para o varejo de material de construção. A retomada da normalidade no cenário pós-pandemia deve criar oportunidades. A digitalização do setor alinhada à demanda pela ressignificação do lar vai trazer novas possibilidades. O crescimento não é certo, mas é seguramente possível. Estaremos preparados para diversos cenários e seguramente trabalharemos para que a Construção Civil contribua como nunca para o crescimento do Brasil em 2022.

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