Por Jean Ferrari, CEO da FastBuilt

Na automação da construção civil, muito se fala em inserir ou remover processos na intenção de reduzir custos. Todos consideram que o ideal seria sempre gastar o mínimo, para obter o maior lucro ou rendimento possível. Porém esse não é o único fator que deve ser levado em consideração, principalmente quando pensamos em oferecer a melhor experiência ao cliente.

Lean Construction – ou construção enxuta – é um termo presente no mercado desde 1992, mas que vem ganhando mais força ultimamente. O estilo de vida minimalista vem sendo adotado pela sociedade, por muitas pessoas que prezam mais pela experiência do que pela posse de coisas materiais. Me atrevo a dizer que a construção enxuta seria a tradução do minimalismo para a construção civil.

A Fundação Getulio Vargas diz que a construção civil brasileira é, em média, 30% menos produtiva do que outras áreas da economia do país. Há perda de material, tempo e dinheiro com a falta de mão qualificada.

As empresas que adotam a filosofia Lean fazem mais com menos – o que não significa fazer uma entrega pobre de estrutura, estética e segurança. Porém, pode ser resumida em redução de custos, desperdícios e processos, culminando na otimização e excelência final do processo como um todo. Por meio de uma investigação detalhada dos métodos usados no projeto, a construtora consegue reduzir despesas com materiais, eliminar etapas e gastos desnecessários com mão de obra.

A aplicação da metodologia enxuta demanda redução do número de atividades que não agregam valor. Para avaliar que atividades seriam essas, basta examinar se o cliente pagaria pelo serviço ou seu resultado. Ao eliminar funções que não acrescentam qualidade ao trabalho, a geração de custo desnecessária também é eliminada, aumentando também a produtividade. Qualidade que também é obtida quando se tenta garantir a continuidade segura das atividades – principalmente quando falamos de processos digitalizados. Adotar ferramentas e profissionais para testar repetitivamente as atividades ajuda a identificar erros na plataforma e diminuí-los. 

Uma questão polêmica relacionada às obras, ao menos do ponto de vista dos compradores e futuros moradores de um edifício residencial, por exemplo, é o tempo de execução do empreendimento, que é a base para o sucesso da construção – a obra deve ser entregue no prazo, dentro do valor e com a qualidade que foi vendida ao cliente. Todo acréscimo de processos, atividades, etapas e investimento pode ser um alerta de que algo não está caminhando como deveria. A redução no ciclo de produção vai melhorar a produtividade, conduzindo a construtora no caminho da filosofia lean, que indica justamente simplificar o número de passos e etapas.

Aumentar a transparência dos processos também pode auxiliar no êxito da obra. Com ela, mais pontos falhos ficarão à mostra, levando mais facilmente à melhoria dos processos e disponibilizando acesso à informações para todos os envolvidos, otimizando o trabalho, reduzindo o desperdício e a necessidade de atividades que não geram valor

E, ao final, ações que foram implementadas com sucesso e mostraram bom resultados devem ser reaproveitadas, realizando assim o benchmarking. A empresa também deve ficar de olho em boas práticas realizadas em outros negócios, os líderes de mercado, para adaptá-las a suas realidade. Porém, não é questão de copia e cola, é preciso saber o que é relevante para a empresa e não apenas repetir o que está em alta no mercado.

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