Quem nunca se deparou com imprevistos em uma obra? No entanto, se estudarmos o próprio significado da palavra, já podemos encontrar algumas pistas do porquê grande parte deles acontece. Segundo o dicionário, se trata de algo “não previsto” ou que não foi prevenido”, ou seja, que não teve cuidados iniciais para evitá-lo. E é exatamente por esse caminho que vou seguir o meu artigo de hoje.

Uma das maiores reclamações que escuto é a seguinte: “contratei um escritório que me prometeu entregar a obra no prazo e valor determinados, mas no fim não cumpriu. O tempo acabou sendo muito maior e o orçamento estourou”. Isso também acontece com quem resolve fazer a obra por conta própria, sem o auxílio de um profissional especializado, geralmente porque a pessoa não tem o know-how. Mas, em ambos os casos, o que mais pode ter gerado esses contratempos? Abaixo, irei mostrar alguns dos motivos que colaboram com esse cenário e indicar as melhores formas de evitá-los. 

Cronograma

Para quem quer ter prazos bem definidos e, consequentemente, evitar aborrecimentos futuros, o primeiro item a se destacar é caprichar no cronograma, que deve ser feito com antecedência e cuidado! E, vale lembrar que a pressa é inimiga da perfeição. Portanto, não adianta criar o cronograma com a obra já em andamento, nem fazer isso na correria, pois os resultados não serão bons. Antes mesmo de iniciar a obra, você precisa saber exatamente qual é o início, o meio e o fim dela. Também é essencial listar todas as atividades que serão feitas, para que cada uma delas seja calculada dentro do cronograma e, até seus possíveis atrasos. 

Gerenciamento

Como vimos acima, com o cronograma você vai evitar atrasos ou ao menos contorná-los. A partir dele, você poderá verificar que o trabalho da sua equipe deveria ocorrer em cinco dias e acabou em sete. Então, é aí que entra o gerenciamento. Será necessário acompanhar as demais atividades de todos, com o intuito de ganhar tempo em outros processos, fazer novos ajustes e até mesmo trazer reforços durante os dias principais. Sem isso, a sua obra vai ficar sem rumo e mais vulnerável. Por isso, ter alguém guiando os trabalhados, vai garantir agilidade para recuperar o tempo perdido. 

Equipe qualificada

Já tivemos vários casos, em que o cliente preferiu fechar o serviço com um pintor ou pedreiro conhecido (às vezes até mesmo alguém da família), que oferecia um valor mais em conta, ao invés de contratar um indicado pelo nosso escritório, com total segurança. Como sempre digo, o barato muitas vezes pode sair caro, pois se você não conhece o trabalho daquele profissional, ele pode acabar prejudicando o andamento da obra como um todo, caso não tenha a qualificação necessária. Para se ter uma ideia, há situações em que algumas atividades precisam ser refeitas, ou até mesmo exigem uma nova contratação para arrumar os erros. 

Equipamentos de apoio

Entre os imprevistos, um contratempo bem comum é furo acidental de uma tubulação ou dos conduítes, na hora de instalar a marcenaria. Como prevenir isso? Há sensores específicos, que “escaneiam” a parede e que auxiliam na hora de escolher os pontos para a perfuração. Tecnologia bem parecida também pode ser utilizada para encontrar vigas e pilares em imóveis antigos que não têm mais os projetos estruturais. 

Projeto

Um projeto bem definido é como se fosse um mapa! Sem ele, você não vai a lugar algum. É como viajar sem o GPS, falando de maneira bem simples. Sem o projeto, não há um cronograma organizado, não ocorre um gerenciamento correto, nem o andamento de um trabalho qualificado. 

Imagine agora, se você percebe que a medida da parede não bate com o tamanho da obra. Ou o morador imaginou algo que não dá para executar no local, pois há um pilar, ou uma parede que não pode quebrar, por exemplo. Ou se o cliente resolve incluir as luminárias em um ambiente, mas não há um projeto luminotécnico disso, nem informações de apoio. Conclusão: você vai ter que parar aquilo que estava fazendo para dar atenção a esse tópico não planejado. 

Financeiro

Entre os problemas que podem ocorrer, aqueles que afetam o bolso geralmente são os piores. Se você não tem no projeto todas as informações detalhadas, então irá descobrir no meio da obra que será necessário incluir alguns itens surpresa, como uma marcenaria que ainda não estava desenhada, uma tomada ou ponto de internet para colocar a TV, entre outros itens. Por isso, não adianta somente se basear no desenho 3D.

Outro ponto importante é fazer uma planilha com a lista completa de compras. Dessa forma, você saberá o quanto será gasto com materiais de construção e será haverá dinheiro no fim para pagar tudo isso, não é mesmo? Já pensou se no meio da obra o cliente descobre que terá que gastar R$ 25mil e tem apenas R$ 15mil? Das duas, uma, ou ele vai entrar em uma nova dívida ou a obra vai ficar pela metade. 

Falhas de comunicação

Outros problemas muito recorrentes nas obras da construção civil são as falhas de comunicação, muitas vezes geradas pela informalidade na área. Por exemplo, quantas pessoas já foram contratar um serviço, pediram para mais de um profissional fazer uma avaliação e eles deram preços completamente diferentes, sem detalhar o escopo do serviço que será executado? Além disso, sem realizar uma medição ou avaliação adequadas no apartamento na hora de orçar. Pior que isso, é no meio da obra, essa falha de comunicação resultar em novos gastos que não foram combinados na conversa inicial. Dessa forma, tome cuidado na hora de contratar empresas ou profissionais, pesquise antes na internet, busque referências de quem já contratou esses profissionais, ou até mesmo peça para visitar uma obra da empresa.

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT. 

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