Provavelmente você, leitor, ou alguém que conheça já passou por uma situação em que não consegue executar uma determinada ação, muitas vezes simples: como apertar um botão, vencer um desnível ou abrir uma maçaneta. Se isso aconteceu, foi porque ali não foi aplicado o Desenho Universal.

Mas, afinal, o que é Desenho Universal? Nada mais é do que algo capaz de transformar a vida das pessoas nos mais diferentes aspectos, desde produtos utilizados no dia-a-dia até construção civil e infraestrutura urbana. 

O conceito começou nos Estados Unidos, com o objetivo de desenvolver produtos e ambientes que pudessem ser utilizados por todos, inclusive pessoas com deficiência, e sem necessidade de adaptação. Trata-se de uma ideia de que qualquer ambiente ou produto pode ser usado, alcançado e manipulado, independente das características e habilidades do usuário, garantindo assim autonomia e segurança para todos, em todas as fases da vida e respeitando as adversidades de cada um.

O Desenho Universal contempla 7 princípios básicos, no que se refere aos espaços, objetos e produtos:

  • 1- Igualitário: podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades;
  • 2- Adaptável: atendem pessoas com diferentes habilidades e preferências;
  • 3- Óbvio: de fácil entendimento para que qualquer pessoa possa compreender;
  • 4- Conhecido: a informação é transmitida de forma a atender as necessidades do receptador, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição;
  • 5- Seguro: para minimizar os riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não intencionais.
  • 6- Sem esforço: para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.
  • 7- Abrangente:  estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho do corpo e da postura ou mobilidade do usuário. 

O Desenho Universal existe para que nossas cidades estejam preparadas para receber qualquer pessoa, em qualquer idade, em qualquer situação. Defende uma arquitetura e um design mais centrado no ser humano e sua diversidade. Assim, evita-se o erro de segregar os espaços e separar as pessoas de acordo com suas capacidades físicas, reforçando a ideia de inclusão.

Imagine viver numa cidade onde os espaços têm portas com largura suficiente para passar uma cadeira de rodas, ruas com calçadas com boas condições e piso adequado, rampas de acesso para atravessar nas faixas de pedestres, semáforos sonoros para quem tem deficiência visual, telefones públicos para surdos e quem têm deficiência física, enfim, espaços planejados para que todos tenham acesso e possam usa-los sem dificuldade. 

Indo mais além, imagine viver numa casa onde os espaços e produtos atendam simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características, de forma autônoma, segura e confortável? Essa é a proposta do Desenho Universal, trazendo qualidade para a vida das pessoas e independência dos usuários. Inserindo-as em ambientes do dia a dia, criando ferramentas que possibilitem o exercício de sua individualidade e autonomia.

Existem diversas ideias que podem ser aplicadas numa construção ou reforma, entre elas:

  • 1- Pense em materiais seguros e funcionais para todos os usuários. Opte por pisos antiderrapantes;
  • 2- Crie ambientes que atendam às necessidades de todos, e que permitam transformações, como, por exemplo, alteração de dimensões internas;
  • 3- Portas com 80cm de largura ou mais;
  • 4- Ambientes de fácil circulação;
  • 5- Considerar espaços para a rotação de uma cadeira de rodas (1,20 x1,50 m);
  • 6- Escada com corrimão duplo para pessoas de qualquer altura alcançar e prolongado no início e final;
  • 7- Maçanetas de fácil manipulação, evite as redondas e opte pelas tipo alavanca;
  • 8- Uso de sensores de abertura de porta e sensores de presença para iluminação;
  • 9- Evite degraus, opte por fazer tudo no mesmo nível ou use rampas;
  • 10- Janelas com peitoril a partir de 60cm para um usuário de cadeira de rodas ou crianças poderem admirar a paisagem;
  • 11- Tomadas a partir de 40cm de altura em relação ao piso;
  • 12- Torneiras com sensor ou com sistema tipo alavanca.

Isabella Nalon (@isabellanalon)

À frente do Nalon Arquitetura, atuou como arquiteta na Prefeitura de Münster, na Alemanha. Acumula mais de 20 anos de experiência em projetos residenciais, comerciais e corporativos.

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