Seguindo na linha de se questionar em como temos que usar a nossa casa, a cozinha talvez seja o ambiente que mais acumula paradigmas no nosso consciente coletivo. Seja porque pensamos que é um ambiente bagunçado, que vai impregnar cheiros por toda a casa ou que a gordura vai estragar os móveis. Essas dúvidas estão muito presentes na grande maioria das pessoas.

Eu acredito que não exista certo ou errado, mas sim aquilo que se adapta melhor a cada realidade. Então, cabe a nós nos perguntarmos o que queremos e o que fica melhor. Por exemplo, eu tenho clientes que me falam que eles acabam fazendo o almoço todo dia, mas ao mesmo tempo têm que cuidar da lição dos filhos e dar atenção a eles. É aí que eu entro e questiono sobre o porquê não fazer uma cozinha integrada com a sala?

Primeiro temos que pensar na melhor solução para nós e só então nas soluções técnicas para resolver os problemas que podem aparecer. O que funciona para essa pessoa que mencionamos? A cozinha aberta vai fazer com que a criança acabe interagindo com a mãe, mesmo que ela esteja cozinhando e os filhos assistindo um filme ou brincando. Portanto, nesse caso, ela super funcionaria.

Agora temos outra situação: alguém que nunca cozinha, nem quando recebe visitas, prefere pedir comida ou chamar alguém para preparar e depois acaba ficando aquela bagunça para arrumar no dia seguinte, ou seja, a cozinha é um lugar que os seus moradores mal entram. Nesse caso, não há por que integrar a cozinha. Entre as possibilidades, podemos até diminuir as suas dimensões e utilizar uma parte do espaço para a sala, até porque é como essa pessoa utiliza.

Temos também aquele tipo de pessoa que não cozinha no dia a dia, mas para receber gosta de preparar algo especial. Nesse caso, ela pode ser realmente dentro da sala, bem integrada porque vai ser um lugar de receber e não cozinhar todos os dias.

As pessoas precisam primeiro fazer um exercício de se perguntar como é o seu dia a dia ou como gostaria que fosse e por fim, resolver se quer integrar esse espaço ou não. Pensando sempre conceitualmente naquilo que ela vai ganhar e aproveitar com essa integração.

Introduzindo a questão dos medos das pessoas, podemos nos deparar com diversos questionamentos. “Se eu cozinho todo dia, preparo frituras, então como a minha casa vai ficar cheirando?”. Aqui, temos que pensar em uma coifa adequada, que tenha uma boa sucção e uma boa eficiência. Além de pensar em materiais para facilitar a limpeza e o posicionamento dos eletrodomésticos, para que façam sentido nessa rotina da família.

A cozinha precisa ser prática para ser utilizada todos os dias? Precisa ser bonita para receber os amigos? No meu caso, eu tenho uma churrasqueira no meio da cozinha. Eu queria ter esse espaço, mesmo sem um espaço gourmet. Por isso, optei por uma churrasqueira a gás.

A questão é preparar o espaço. Eu, por exemplo, tenho uma coifa muito eficiente para poder resolver esses problemas que eventualmente atrapalhariam a rotina da casa. Hoje, pelo menos entre os meus clientes, a grande maioria das pessoas querem sim a cozinha como um espaço de convivência. Nesse sentido, eu tenho sugerido cada vez mais que a gente resolva as questões técnicas, mas que entregue sim um ambiente de receber e faça com que a cozinha vire um ambiente social e não de serviço.

Cristiane Schiavoni (@cristianeschiavoni)

Arquiteta pela FAUUSP, toca há duas décadas seu escritório com projetos de arquitetura, interiores e reformas marcados pela ousadia no uso de materiais e acabamentos inovadores e versáteis.

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