O setor da construção vem passando por um momento favorável. Nos primeiros 5 meses de 2021, de acordo com dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (CAGED), gerou mais de 156 mil empregos no país, melhor resultado do período desde 2012. Até o fim do ano o CAGED aponta que esse número deve ser, em média, de 350 mil novas vagas abertas no segmento da construção. E a curva de crescimento, sentida na geração de novos postos de trabalho, se reflete também no mercado imobiliário.
De acordo com dados do Senior Index, relatório da Senior Sistemas que acompanha indicadores de mercado, o setor da construção registrou um crescimento de 31,37% na movimentação do mercado imobiliário no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. Esse número leva em conta uma amostragem de mais de 1940 empreendimentos, dos mais variados padrões — médio e alto padrão e Casa Verde e Amarela (antigo MCMV) — atendidos pela Senior Mega em diversos estados do Brasil.
Entre os estados que apresentam os maiores índices de compra de imóveis no período estão: Distrito Federal (155,44%), Santa Catarina (93%), Minas Gerais (43,17%), Paraná (35,77%), São Paulo (29,27%), Rio Grande do Norte (24,3%), Rio Grande do Sul (23,98%) e Rio de Janeiro (13,69%).
O Valor Geral de Vendas (VGV) no primeiro semestre de 2021 também registrou uma forte alta na comparação com o ano passado, com elevação de 56,68%. Esse índice representa quase R$ R$ 13 bilhões de reais de investimentos dos brasileiros em imóveis.
Outro indicador que também foi mensurado através do relatório é o valor do metro quadrado adquirido. De acordo com a pesquisa, a elevação foi de 14,32% a mais nesse primeiro semestre. Em 2020, o investimento médio por metro quadrado era de R$ 4022,70 e em 2021 esse valor subiu para R$4598,82.
“Essa valorização dos imóveis acontece, primeiramente por conta do bom momento do setor, mas outro fator que impacta também é o custo da construção, que tem relação direta com o valor final. De junho de 2020 a junho de 2021 foi registrado um aumento de 17,36% nos custos setoriais de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)“, explica o Head de Produto da Senior Mega, Cleber Francischini.
Selic baixa eleva poder de compra
Entre as diversas explicações para o aquecimento do setor da construção, o principal deles é a queda na taxa de juros bancários. A taxa básica de juros (Selic) registrou queda no início da pandemia e esse fato impulsionou o maior investimento imobiliário.
A Selic é a taxa de juros básica da economia brasileira, o que significa que os bancos se baseiam nela para definir as taxas de juros cobradas por empréstimos. Desse modo, a queda nessa taxa fez com que os bancos também reduzissem suas taxas de juros, tornando o acesso aos empréstimos mais acessíveis.
“Tínhamos, no passado, taxas de juros que giravam na casa dos 12% e desde o ano passado foi possível encontrar no mercado financiamentos bancários com juros até por menos da metade desse índice. Ou seja, com taxas menores, o consumidor consegue encontrar imóveis que caibam no bolso e com isso as vendas no setor crescem, conforme os números que estamos apresentando referente ao ano de 2021”, destaca Francischini. A taxa Selic, que chegou a registrar 2% em alguns meses, vem sendo ajustada gradativamente para patamares mais reais. De acordo com um documento elaborado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), a previsão é que até dezembro esse índice chegue a cerca de 7%.
Mesmo com essa elevação gradual da taxa Selic, a expectativa do setor da construção para o segundo semestre se mantém positiva. “Devemos ter um segundo semestre promissor. A CBIC divulgou recentemente um crescimento estimado de 4% no setor ante aos 2,5% previstos anteriormente. Então, estamos visualizando meses favoráveis mesmo com as variações do mercado”, finaliza Francischini.