Pode até parecer bobagem, mas há muitas reformas ou construções que dão errado em razão de pequenos deslizes, que poderiam facilmente ser evitados. Muitas vezes isso ocorre por falta de conhecimento ou tempo por parte do morador, tentativa de fazer economias pequenas, falta de gestão, entre outros fatores. Selecionei neste artigo os erros mais comuns que as pessoas cometem na hora de reformar suas casas, mas que poderiam não ter ocorrido a partir de soluções simples. 

1. Estouro de orçamento

Esse é disparado um dos principais erros, fator que muitas vezes acaba inviabilizando o andamento da obra. Para você não cair nessa cilada, é preciso ter um projeto detalhado, somente dessa forma você vai saber o quanto irá gastar em cada parte. Eu sempre uso o exemplo da receita de bolo, afinal se você não seguir as quantidades corretas de ingrediente ou insumos, tanto o seu bolo, quanto a sua obra vão desandar. Quantos sacos de cimento você vai precisar com base no tamanho e no tipo da sua obra? Qual a metragem de tubulação que será necessária? E, quantas latas de tinta para pintar tudo? A partir de uma análise bem feita, você nem irá gastar a mais do que devia, assim como não vai passar aperto com falta de materiais. Mas cuidado, não adianta definir as quantidades no “olho”. Aqui no meu escritório, por exemplo, nós passamos alguns dias montando esse orçamento de obras. Portanto, procure profissionais especializados!

2. Prazo estourado

Esse é outro problema clássico. Para não colocar o seu prazo em risco, você precisa ter um cronograma bem organizado com todas as etapas e processos. Por exemplo, vamos fazer a pintura no dia X, mas que tipo de pintura? Da parede? Do forro? Tudo? Quais os tamanhos dos espaços? Vamos instalar os revestimentos? De onde? Piso? Parede? Quais ambientes? Quantas pessoas vão cuidar disso? Portanto, tudo isso precisa ser levado em conta para que seja feita a estimativa de tempo. E se der algum imprevisto no decorrer da obra, onde podemos recuperar esse tempo? Assim, da mesma forma que minha equipe se dedica em pensar no orçamento item por item, também vai precisar do mesmo cuidado para avaliar os prazos. Em resumo, é preciso gastar mais com planejamento, para economizar com execução depois. 

3. Mão de obra desqualificada

Sempre bato na tecla que você precisa conhecer muito bem quem você contrata! Busque referências, pergunte para os amigos, pesquise os perfis de Instagram de escritórios de arquitetura e design, veja os clientes atendidos, pergunte se as pessoas gostaram, visite algum endereço que ficou pronto. Costumo dizer que o melhor cartão de visita é uma obra bem feita. Só assim você vai evitar a contratação de mão de obra desqualificada! Por fim, meu conselho é: não escolha um profissional baseado somente no preço porque o resultado pode não ser o esperado. Evite decepções!

4. Arrependimentos e Soluções

Sabe quando algo que você planejou não ficou exatamente como o esperado? Quem nunca achou que a sala ficou apertada após a reforma? Ou que aquele revestimento não ficou tão bom quando parecia? Ou que a casa ficou menos funcional depois de uma alteração? Esse tipo de arrependimento é muito comum de acontecer, mas pior do que isso é o gasto de tempo, dinheiro e energia que serão necessários para contornar a situação. Já dizia o ditado, é melhor prevenir do que remediar. Por isso, volto a falar da importância do projeto! Dos pequenos aos grandes pontos tudo precisa estar especificado: quais são os acabamentos? Que tipo de sensação você quer obter? Quais os tipos de puxadores? Onde essa lâmpada vai acender? Parece até bobagem, mas tudo isso vai fazer parte da sua rotina. Hoje, vejo muitos escritórios vendendo projetos a partir de uma imagem 3D, sim ele é importante, mas é preciso muito mais informações!

5. Estimativa de custo para investimento

O orçamento é algo diferente de estimativa. Portanto, essa dica não tem a ver com a anterior, em que falei sobre estouro de verba. No primeiro exemplo, geralmente há um projeto já sendo executado, porém no meio do caminho o valor dele é ultrapassado. No segundo caso, é quando você ainda nem começou o projeto, ou seja, está em fase de análise, para ver se vale a pena reformar ou construir; ou então para quem pensa em ter um imóvel para fins de investimentos. Na estimativa não é possível dar valores exatos, ou seja, existe margem de erro! Porém, se trata de um norte para quem pensa em começar um projeto. Sendo assim, procure um escritório de arquitetura para te orientar com estimativas e estudos de casos parecidos. Pela internet também é possível ter acesso a algumas informações que podem ajudar, como o CUB (Custo Unitário Básico), que nada mais é o custo estimado de uma reforma ou construção em uma determinada localidade, como São Paulo, Rio de janeiro, etc.

6. Zoneamento e Regras

Essa dica é para quem quer construir um imóvel mesmo. É preciso verificar o zoneamento e todas as regras antes da compra do terreno. Não adianta se basear somente pela vizinhança e o que já existe construído ali, afinal as leis podem ter mudado nos últimos anos. Por exemplo, eu quero fazer uma casa com comércio em baixo e residencial em cima, com entrada para o lado X da rua, porque as outras já são assim. Mas, e se houve um plano diretor e mudou isso depois dessas construções? Enfim, há uma série de aprovações diferentes relacionadas às habitações, que precisam ser feitas de acordo com a prefeitura, então é preciso se atualizar sobre todos esses detalhes. Mais uma vez, minha dica é contratar um profissional especializado para te orientar e tirar dúvidas, assim você não fica no escuro, nem constrói um “elefante branco”.

7. Especificação de cores e revestimentos

Eu vejo muita gente querendo definir cores e revestimentos na etapa de projeto. Claro, a gente escolhe inicialmente isso no leque de cores (aquele que você encontra nas lojas), mas há o risco de dar diferença do esperado, em razão de fatores como iluminação, por exemplo. Então, a minha dica é fazer um teste com três tonalidades próximas (com a escolhida, um tom de cor abaixo e um acima) em um cantinho da sua parede. Assim, na hora de comprar o volume grande de material, não há chance de trazer a cor errada. Já os revestimentos, eu aconselho a olhar pessoalmente na loja. Hoje em dia, principalmente após a pandemia, eu vejo muitas pessoas querendo comprar pela internet, mas também pode dar diferença de cor de acordo com a sua tela. 

8. Calotes

Esse é um dos maiores perigos de contratar quem não conhecemos. É aquele tipo de situação onde um determinado profissional promete fazer um serviço e não aparece, ou atrasa as entregas, ou até mesmo some sem terminar o serviço. E, o pior, muitas vezes o combinado já está pago. Quem nunca viveu essa experiência ou pelo menos conhece alguém que tenha tido esse problema? Por isso, ressalto a importância de se fazer um contrato de obra, além de listar todos os itens, colocar cláusulas, para que depois não ocorra nenhum mal entendido, ou acréscimo de valores.

9. Solicitações de Materiais

Minha dica é centralizar os pedidos de materiais de construção para alguns dias específicos, por exemplo uma vez por semana. O intuito é não estourar a verba com frete e deslocamentos para a loja, além do tempo, muitas vezes do proprietário do imóvel que vai e volta lá. Infelizmente, muitas pessoas nas obras não têm esse planejamento e consciência, então a ideia é orientar a equipe de forma a organizar etapas, quantidades e prazos, de maneira que as visitas à loja sejam mais focadas. 

10. Furtos ou imprevistos

Para evitar aborrecimentos como sumiços de materiais e ferramentas, a recomendação é instalar, pelo menos, uma câmera de monitoramento, especialmente quando se trata de obras de rua, construção de lojas, comércios, ou locais com maior exposição a terceiros. Outra possibilidade que te deixa seguro perante os imprevistos é fazer um seguro de obras, que poderá cobrir eventuais prejuízos como furtos, passando por acidentes de trabalho, além de problemas com vizinhos, como um vazamento de água no apartamento de baixo. Enfim, segurança é tudo! 

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT. 

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