Criada para estar conectada com o entorno verde, a Tree House busca semelhança com casas assinadas por nomes consagrados da arquitetura. Por Allaf Barros. Fotos por MCA Estúdio.

Quando Guilherme Torres procurou inspiração para o seu mais novo projeto – a Tree House – quis alçar um voo em direção a grandes inspirações. “A ideia de criar uma casa na árvore veio inicialmente da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi. A adição das colunas inclinadas foi uma alusão a Villa D’Alva, de Rem Koolhaas, e uma homenagem ao trabalho de Chris Burden”, explica. Inicialmente, a residência de 536 m2 localizada Curitiba (PR) era mais racionalista, contando apenas com 21 pilares estruturais. Após ter sido aprovado pelos órgãos públicos e pela associação de moradores do empreendimento, no início da construção, a administração do condomínio alegou que dois pilares teriam de ser recuados. Assim, a casa ganhou um balanço. Como a estética ficou comprometida, o arquiteto decidiu pela adição de 122 pilares extras, criando um efeito escultórico, que hoje é a assinatura do projeto. Para conseguir sessões tão esguias, a laje que apoia toda a casa foi concretada sobre escoras e formas de alumínio. Depois de curadas, as colunas foram fixadas aos arranques e parafusadas na laje. A piscina, no coração do piso superior, tem a sustentação por meio de vigas longitudinais que atravessam toda a extensão da casa, com distribuição gradual das cargas por toda a estrutura. 

Superfícies

O piso de toda a Tree House é de granito itaúnas levigado. “Todas as paredes receberam pintura branca, inclusive as áreas molhadas, em epóxi fosco. A empena de Viroc está presente na face interna de toda a casa. Algumas paredes revestidas em carvalho na verdade ocultam armários”, explica Guilherme. O volume que engloba elevador e escadas foi revestido com chapa de alumínio ondulado e perfurado (miniwaze, da Hunter Douglas). Todos os caixilhos são da Schucco, com vidros insulados. 

Paisagismo 

A área externa é 100% aberta. Qualquer morador do condomínio pode acessá-la ou simplesmente ter a vista da mata. No ponto de aclive do terreno, optou-se por construir um lounge com sofás, mesa e bancada em concreto, para receber festas ao ar livre. Mas para resguardar a privacidade dos moradores, o acesso a residência só é possível pelo elevador, ativado por biometria. O volume suspenso evidencia a topografia do terreno. As curvas de nível foram respeitadas e reproduzidas de forma simplificada no tratamento do piso, mantendo a permeabilidade do solo e minimizando o movimento de terra. 

Iluminação

O projeto luminotécnico é extremamente sutil. “Todas as colunas e paredes com revestimento em madeira têm uplights de led, e apenas poucas luminárias de forro assinalam circulações”, explica Torres. O arquiteto preferiu que focos adicionais como abajures fossem adicionados ao longo do tempo, incorporados à decoração.  

Mobiliário autoral

Os proprietários fizeram questão que a maioria dos móveis fossem do autor do projeto. Concessões foram abertas somente para peças de Sergio Rodrigues – de quem são admiradores de longa data. “Eles desejam morar numa casa 100% assinada, nos moldes modernistas dos anos 1920, como faziam os mestres Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, que desenharam uma casa em sua totalidade”, diz Torres.

Ficha técnica

Arquitetura:  Guilherme Torres
Local: Curitiba, Paraná
Ano do Projeto: 2015
Ano de conclusão de obra: 2018
Área construída: 536 m2
Fornecedores: Hunter Douglas, Schucco
Projetistas complementares: Construtora Monreal, Ycon Engenharia
Mobiliário: Nos Furniture

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