Neste período de quarentena tem sido grande o trabalho de investidores, empreendedores, construtores, engenheiros, arquitetos e designers de interiores para entenderem e projetarem como será o mercado da construção civil no Brasil após esta pandemia do COVID 19. E a única certeza que eu tenho é que de fato ele nunca mais será o mesmo.

Já atuo há mais de 3 anos na avaliação de projetos e empreendimentos comerciais, residenciais, industriais, hospitalares, hoteleiros e de varejo entre outros, para se adequarem ao conceito da Construção Saudável dentro dos parâmetros de Certificação do HBC- Healthy Building Certificate, instituição com o maior número de empreendimentos saudáveis certificados ou em certificação no Brasil, onde necessariamente são feitas várias adequações nestes projetos, para que eles possam promover a saúde e bem estar destes ambientes construídos aos seus usuários finais.

Esta demanda tem crescido muito nos últimos meses e principalmente agora durante esta pandemia do coronavírus, pois com certeza este conceito será o grande diferencial na retomada deste mercado, já há inúmeros estudos que demonstram que ambientes mais saudáveis melhoram a saúde e aumentam a imunidade das pessoas que nelas habitam, trabalham ou estudam, possibilitando assim, estarem mais preparadas para estes desafios que estamos vivendo, e que infelizmente não foi o primeiro e nem será o último que passaremos e teremos que vencer.

Dentre os parâmetros avaliados pelo HBC, selo de construção saudável, estão o Desenho Arquitetônico, que tanto pode melhorar a saúde das pessoas, como provocar uma série de doenças como a depressão e o AVC, facilmente encontrados na população hoje e que estão atreladas ao isolamento das pessoas e falta de convívio das mesmas em suas residências ou locais de trabalho. Outro parâmetro importantíssimo nos dias de hoje é a Qualidade do Ambiente Interno, também avaliado pelo HBC, onde são verificados os tipos de caixilhos e vedações das fachadas e janelas, para que possam promover a entrada do ar e renovar sua qualidade de forma natural, sem agregar custos operacionais de manutenção e energia para a sua operação. Mais um fator que não deve ser esquecido é a correta escolha dos tipos de materiais e acabamentos que serão especificados nos projetos e utilizados na obra, que poderão gerar uma série de doenças respiratórias e alergias às pessoas quando não são bem especificadas. Outros fatores que também são analisados são os campos eletromagnéticos gerados no local pelas instalações elétricas e equipamentos eletroeletrônicos utilizados, a qualidade da água distribuída nos chuveiros e torneiras, a iluminação natural e artificial de qualidade que respeite o nosso ciclo circadiano (relógio biológico natural) responsável pelo metabolismo do nosso corpo, a Acústica e o Paisagismo que poderão nos ajudar no tratamento do ar interno e na ionização natural dos ambientes e a Sustentabilidade promovendo a redução dos impactos ambientais e sociais, contribuindo assim para a saúde do nosso planeta e consequentemente para a nossa própria saúde.

O HBC desde a sua criação em 2014, vem certificando inúmeros empreendimentos saudáveis pelo Brasil e nos EUA como os residenciais Albert Scharlé e o Kadosh em Belo Horizonte, a Loja Riachuelo do Shopping Morumbi, a sede da Midway Financeira e da Miro Imóveis em São Paulo, o Hotel Pousada Ronco do Bugio em Piedade, a Casa LITE do arquiteto Duda Porto em São Paulo e a Gadia House da Arquiteta Bia Gadia em Barretos, o Aventura Park Square um grande complexo multiuso em Aventura e o Restaurante Litle Brazil em Hollywood, ambos na Flórida nos EUA, entre vários outros empreendimentos.

O mercado de saúde e bem-estar cresce cada dia mais no Brasil e no mundo já em 2015 movimentava cerca de 3,7 trilhões de dólares no mundo, por outro lado o setor de fitness cresce cerca de 40% ao ano e o setor de alimentação orgânica cresce cerca de 30% ao ano no Brasil, justamente para atenderem uma sociedade que cada dia mais busca saúde e bem estar, portanto como podemos observar o mercado já encontrou o seu caminho e com certeza este movimento tenderá a crescer ainda mais após o COVID 19.

Marcos Casado (@marcoscasado1)

Engenheiro civil, atuou como gerente técnico do Green Building Council Brasil e foi gestor de obras no ABN AMRO Real. É diretor do HBC Brasil – Healthy Building Certificate.

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