O equilíbrio entre uma escolha esteticamente agradável e uma divisão que proporcione a luz e a ventilação necessárias é um dos desafios quando a cozinha está conectada à área de serviço. No artigo de hoje, vou compartilhar algumas soluções que criam esse cenário ideal, mas, também, dicas para entender qual é o caminho ideal.
É possível trabalhar a entrada de luz com portas de vidro: esse material versátil com certeza vai possibilitar a luminosidade vindo da área de serviço para cozinha. Só mas sempre precisamos perguntar: serei capaz de ter uma área de serviço organizada? Se a resposta for não, devemos tomar muito cuidado com a transparência empregada na divisão.
Em alguns dos meus projetos, os clientes frisaram que conseguiriam deixar o espaço de lavagem arrumado justamente para obter máxima luminosidade na cozinha. No entanto, no meu próprio apartamento, optei por uma opção que traz um pouco mais de privacidade para a área de serviço, caso do vidro serigrafado. Trata-se de um material que possui uma película ou pintura branca que assegura a passagem de luz, porém, impede que a pessoa veja para o outro lado. Então, aderindo à essa técnica, o morador não tem que se preocupar em esconder a roupa estendida ou correr para arrumar a bagunça antes da visita chegar, basta fechar a porta.
Embora ainda se mantenha um bom nível de iluminação, há uma certa perda, pois, afinal, nada se compara a um vidro 100% transparente. Mas é uma alternativa ideal para quem deseja implantar uma separação visual entre os cômodos.
Outra opção, que eu já usei bastante em projetos, está no isolamento físico onde ainda é possível enxergar de um lado para o outro. Ou seja: um biombo vazado, uma meia parede, um cobogó, entre outros.
O melhor desses caminhos é que eles favorecem a ventilação, ponto importante a se considerar, especialmente quando se recorre a uma porta. Por se tratar de uma separação total, o ganho de ventilação pode ser complicado, no entanto, não é impossível. Dica de ouro: vale instalar uma grelha no teto para viabilizar a circulação de ar.
Voltando ao exemplo do meu apartamento: na prática, a porta separando os dois ambientes passava a maior parte do tempo aberta, então, mesmo sem a grelha, ocorreria a troca de ar. Também vale investir na criação de uma veneziana ou ripado na parte inferior – além de propiciar a ventilação, o recurso calha bem se houver um vazamento de gás, permitindo com que ele se dissipe por essa abertura.
O que considerar antes de tomar uma decisão
A principal questão a se levar em conta é o tipo de uso e a personalidade do morador: trata-se de alguém que vai manter tudo organizado ou prefere uma opção para esconder a ‘bagunça’? A decisão tem que partir daí.
Pode ser que a pessoa não faça questão de uma porta e prefira uma divisão menos marcada – neste caso, entra a meia parede ou o cobogó. Por outro lado, o morador não irá gostar de ter essa área nem um pouco exposta, então o vidro serigrafado faz sentido.
Para encerrar, uma reflexão: por que dividir os dois ambientes? Hoje em dia, temos diversas soluções no mercado, como máquina de lavar de parede, armários que escondem esse equipamento. Então, qual o motivo de esconder a área de serviço? Por que não deixar os dois locais totalmente conectados? Atualmente, é extremamente fácil colocar 100% do seu varal ou lavadora atrás da marcenaria. Tem máquina de lavar possível de ser fixada na parede: você fecha a porta e ela fica camuflada. Talvez, se você integrar os dois ambientes, terá a percepção de uma cozinha maior e, definitivamente, não haverá preocupação com ventilação e iluminação.
Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)
Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT.
