Em entrevista, o coordenador do Concurso de Arquitetura que vai definir o projeto do museu reforça a importância deste novo equipamento para o corredor cultural do Centro da cidade 

As inscrições para o Concurso de Arquitetura do Museu Marítimo do Brasil estão abertas até 23 de julho no site www.concursomuseumaritimodobrasil.org e os participantes têm até o dia 30 de julho para submeterem seus projetos. O museu será construído no Espaço Cultural da Marinha, localizado no Centro do Rio de Janeiro, e vai fazer parte de um complexo de centros culturais existentes na região. Em entrevista, o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, coordenador do concurso, fala sobre a proposta inédita deste equipamento cultural e sobre a expectativa de vê-lo se tornando uma nova obra paradigmática na cidade do Rio. Confira: 

Qual será a proposta do Museu Marítimo do Brasil? 

LFJ: Há alguns anos, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha vem pensando na construção desse museu, que vai trazer uma abordagem inédita sobre a história marítima que está ligada à formação do nosso país. Tendo o mar e os rios como a principal base conceitual, o acervo do museu vai evocar as instâncias geográficas, econômicas, culturais, simbólicas e míticas que fazem parte da formação de uma sociedade marítima brasileira, que carrega diversas origens e características. Será um museu de caráter nacional. 

Por que o Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro, em parceria com a Marinha do Brasil, recorreu ao IAB/RJ para lançar um Concurso de Arquitetura para este museu?

LFJ: Pelo caráter inovador da proposta conceitual do novo museu, a Marinha entendeu que o seu projeto arquitetônico deve agregar valor ao espaço urbano onde está inserido. O Concurso de Arquitetura é uma ferramenta democrática para que profissionais e toda a sociedade civil reflitam acerca de um espaço de grande valor simbólico e histórico para o Rio e, pela proposta do museu, para todo o Brasil. A chamada pública para arquitetos e urbanistas submeterem seus projetos é uma forma de expandir as possibilidades de soluções inovadoras, em vez de nos limitarmos a uma única proposta. Estamos em busca de ideias consistentes para que esse projeto se consolide da forma excepcional que esperamos. 

O que você destaca em relação à localidade do museu, no Centro do Rio de Janeiro?

LFJ: A própria localidade do museu, entre a Praça XV e a Praça Mauá, já conta uma história sobre a importância do mar para o nosso povo. No século XIX, o píer onde será erguido o museu era conhecido como Doca da Alfândega, em uma época marcada pelo aumento do tráfego portuário e do desenvolvimento do Rio de Janeiro como centro comercial. Mais tarde, o espaço foi passado à Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro e, desde a década de 1990, a Marinha o utiliza para exposições, navios-museus, saídas de embarcações para visitas à Ilha Fiscal, entre outras atividades. O píer passou recentemente por reformas estruturais, de modo que a edificação atual foi esvaziada e a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha resolveu dar início ao projeto do Museu Marítimo do Brasil. 

O museu vai integrar um corredor cultural na orla histórica do Rio, composto por instituições como o Museu Histórico Nacional, o Centro Cultural do Banco do Brasil, a Casa França-Brasil, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã. Em termos arquitetônicos, qual é a relevância de um novo equipamento nesta região? 

LFJ: Desde a derrubada do Elevado da Perimetral e o início do processo de revitalização da região portuária do Rio, esse corredor cultural vem ganhando cada vez mais destaque e integrando edifícios históricos com construções de destaque na arquitetura contemporânea. Os profissionais que forem participar do concurso carregam uma grande responsabilidade no sentido de dialogar com o entorno urbano, em uma área que vem sendo notada nacional e internacionalmente. O Museu Marítimo do Brasil pode se tornar mais uma obra paradigmática na cidade do Rio de Janeiro. 

Como coordenador do concurso, quais são as suas principais expectativas em relação às propostas que vão ser apresentadas? 

LFJ: Os arquitetos devem atender rigorosamente aos objetivos expressos no edital do concurso, porque queremos fazer do Museu Marítimo do Brasil uma referência museológica no cenário mundial. O projeto precisa transmitir, tanto para visitantes do Brasil quanto do exterior, a importância da relação do povo brasileiro com o mar. Desse modo, as propostas devem considerar a integração entre o mar e o ambiente construído no entorno, para que o público se sinta ainda mais imerso na história que será contada ali. O júri quer ser surpreendido, ao ponto de ser quase difícil tomar uma decisão. Esperamos ideias capazes de nos impressionar em todos os detalhes. 

Quais dicas você daria aos arquitetos e urbanistas que vão submeter projetos?

LFJ: Além da arquitetura do museu precisar traduzir a relação do povo com o mar, eu digo para os participantes considerarem em todos os aspectos do projeto os avanços tecnológicos que a arquitetura contemporânea nos oferece. A exigência pela formação de equipes multidisciplinares foi, justamente, para estimular os profissionais a pensarem não só no prédio principal do museu, mas na revitalização de toda a área que compõe o Espaço Cultural da Marinha, incluindo espaços como um auditório, um restaurante e uma cafeteria. Valores de sustentabilidade e inclusão que são defendidos internacionalmente precisam estar incorporados ao projeto, passando por temas como a economia de água, o uso de fontes alternativas de energia e a acessibilidade. Quanto mais inovadoras forem essas concepções, mais chances o projeto tem de chamar a atenção.

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