Agora, após a pandemia, ficou bem latente a questão de quanto precisamos dar uma solução de uma forma não adaptada, algo improvisado. Antes as pessoas deixavam a casa bagunçada com os brinquedos das crianças, perdiam o seu espaço de receber, de dividir por conta dos brinquedos, mas estava tudo bem, porque a família saia de manhã, voltava a noite e aquilo não incomodava.
Então, veio a questão da pandemia e as pessoas começaram a passar o tempo todo em casa e os adultos se perguntarem o porquê não tinham mais espaço para aproveitar. Isso acaba acontecendo quando o espaço não é planejado, a criança passa a dominá-lo. São brinquedos e quantidades cada dia maiores e a casa acaba perdendo a identidade dos próprios donos. O que eu sempre digo é que a criança também faz parte daquela casa e ela precisa ter o seu espaço pensado para habitar. Não significa que ela não terá vez e o espaço irá pertencer aos adultos, mas sim, que o espaço é compartilhado. Por isso, temos que pensar em uma solução adequada para que todo mundo possa se sentir representado.
Quando falamos de brinquedos, não é fácil a questão de guardar ou ter o espaço para a criança brincar. A palavra que precisa ser seguida é a versatilidade. Como aquele ambiente pode ser utilizado tanto por crianças, quanto por adultos? Claro, se você não tiver espaço para uma brinquedoteca, por exemplo. É valido, também, você ter um espaço dedicado a criança. Um canto da varanda, um quarto, ao invés de fazer uma sala de tv, fazer uma brinquedoteca, para que os pais também possam ficar junto e compartilharem aquele espaço. Podemos ter esse viés da versatilidade, mas ainda pensar em um espaço totalmente dedicado a criança.
Sem dúvidas, o ponto é sempre considerar a criança como parte integrante da família. Não a única dona e nem a excluir, mas sim projetar e planejar um espaço que atenda também a todas as suas demandas.
Cristiane Schiavoni (@cristianeschiavoni)
Arquiteta pela FAUUSP, toca há duas décadas seu escritório com projetos de arquitetura, interiores e reformas marcados pela ousadia no uso de materiais e acabamentos inovadores e versáteis.