Foto: Julia Herman

Para nós que vivemos no meio urbano, nas últimas décadas enfrentamos o desafio de lidar com os ruídos externos de veículos, aviões, casas noturnas, o vizinho de cima ou o de baixo, entre outros. Independentemente da idade, bebês, crianças, adultos e pessoas da melhor idade sofrem com isso.

Igualmente, com a pandemia e o atual cenário pós pandêmico, nossas vidas se transformaram e muitos de nós tivemos nossa rotina bruscamente alterada. Alguns, inclusive, passaram a ficar em home office por definitivo, por determinações das empresas que trabalham. Situações como essas também exigem que tenhamos espaços mais privativos e livre de ruídos, o que aumentou consideravelmente a procura de soluções focadas em conforto acústico.

Então, vamos conversar um pouco a esse respeito e esclarecer alguns pontos, pois no mercado existem inúmeras soluções, mas adiantar-se e sair comprando itens sem de fato reconhecer a origem do ruído pode gerar altos custos, com soluções nulas.

Portanto, inicialmente, precisamos compreender de onde vem o barulho: é um ruído aéreo ou um ruído de impacto?

Os barulhos externos, como buzinas, pessoas conversando, a música do vizinho, o som alto da TV das crianças na sala, são considerados ruídos aéreos, pois se propagam pelo ar. Já os sons por impacto são aqueles que vem pelo teto, como o vizinho de cima arrastando os móveis; ou pelas paredes, quando consigo ouvir tudo o que meu vizinho ao lado está fazendo na cozinha; ou até mesmo pelo chão, quando é o vizinho de baixo que está reclamando de qualquer coisa que a nossa família está fazendo em casa.

Identificado o problema real, podemos analisar as técnicas e os materiais que podemos usar para minimizar e até bloquear totalmente esses ruídos, e assim trazer a paz e tranquilidade que almejamos para o nosso lar.

Imaginem que estamos aguardando a chegada do nosso primeiro bebê e preparamos seu quartinho com uma decoração toda especial e com muito amor. Mas a janela do ambiente é voltada para uma avenida altamente movimentada com bares noturnos. Imagine, logo nos primeiros dias de vida, ele ter que lidar com problemas para dormir, que geram irritação, stress e a longo prazo até obesidade, assim como para nós também. Às vezes, a solução neste caso é apenas trocar a janela, por uma com vedação acústica. Outras vezes, há a necessidade de incluir também algum revestimento acústico nas paredes para que de fato bloqueie os sons externos. Mas, para isso, é preciso analisar o ambiente e compreender os elementos que precisam ser substituídos ou melhorados.

Para quem tem crianças maiores, que estão na fase escolar e necessitam de concentração na hora de fazer a lição de casa, pode ser que o som alto da TV que o avô está assistindo na sala cause distração, interferindo no rendimento escolar. Existem outras soluções, como portas acústicas, assim como as janelas, para bloquear esse tipo de ruído.

Entretanto, em casos de apartamentos e até casas mais modernas, muitas vezes o método construtivo não adotou soluções muito eficazes para isolamento acústico, e nesse caso, precisamos analisar o sistema construtivo para adotar alternativas efetivas. Por exemplo, se as paredes são de drywall, a saída é relativamente simples, precisaremos retirar as placas de vedação de um dos lados da parede, preencher o vão com lã de rocha ou lã de vidro e fechá-la novamente, dando o acabamento desejado. Uma opção assim contribui até mesmo com o conforto térmico dos ambientes.

Agora, se existe uma situação de um músico em formação em casa, como isolar o som nos momentos de treino ou ensaio da banda? As sugestões indicadas anteriormente são bem eficazes, mas se não for o caso de paredes de drywall, podemos optar por revestimentos de tipo de estúdio de som. Hoje, temos muitas opções no mercado, não ficando limitados a apenas aquele antigo revestimento de espuma casca de ovo. Hoje, é possível fazer várias composições interessantes nas paredes e ainda podemos contar com produtos antialérgicos, que, diferentemente das espumas tradicionais, não juntará alérgenos.

Além dessas soluções é possível ainda trabalhar com cortinas, feitas de tecidos um pouco mais pesados, que também proporcionam um isolamento acústico considerável. Por exemplo, para quem tem o hábito de meditar e tem aquele espaço especial em casa, pode criar uma composição de cortinas. Elas podem ficar abertas quando o espaço não está sendo utilizado e, nos momentos de meditação, podem ser fechadas a fim de garantir um ambiente silencioso e ainda aconchegante pela composição das cortinas, como se estivesse em um retiro.

Todas essas dicas são válidas para espaços como home office, dormitórios para todas as idades, mas ainda vale consultar um profissional para analisar a sua situação específica, pois há situações mais complexas, que exigem soluções igualmente desafiadoras.

Isabella Nalon (@isabellanalon)

À frente do Nalon Arquitetura, atuou como arquiteta na Prefeitura de Münster, na Alemanha. Acumula mais de 20 anos de experiência em projetos residenciais, comerciais e corporativos.

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