Muito prazer, sou Fanny, da área técnica da Dryko Impermeabilizantes, e começo a escrever aqui com um tema que levo comigo para todos os lugares. Discorrer sobre a importância do projeto de impermeabilização parece fora de propósito, se pensarmos: “como se elabora uma fase complexa da obra sem projeto?”. Mas aí temos a triste constatação de que nem sempre ele é considerado nas construções brasileiras, sejam elas unifamiliares ou multifamiliares.

A origem da palavra projeto vem do latim e significa: “descrição detalhada de algo a ser realizado, no futuro…” e basicamente essa é a função dos projetos dentro da construção civil, esmiuçar etapas e planos de uma construção a fim de se obter ao final o objetivo esperado ao uso da mesma, sem intercorrências ou adaptações.

A impermeabilização, por não se tratar de disciplina básica nos cursos de engenharia civil e de arquitetura, nem sempre é clara aos profissionais envolvidos na elaboração de uma obra. E o conceito amplo da impermeabilização, que busca prolongar a vida útil das edificações, é ainda menos difundido. Muitos associam, de forma simplista, a impermeabilização às áreas molháveis e molhadas, deixando de lado uma série de pontos importantes, tais como as vedações e instalações. 

Seja por inexperiência ou desconhecimento do tema mesmo obras de altíssimo padrão, por vezes, não fazem a exigência de um projeto de impermeabilização. E, na verdade, é um projeto deveras complexo, que tem como premissa a compatibilização de todos os demais projetos envolvidos, entre eles, estrutural, arquitetônico, hidráulico. Isso pela simples razão de que todas as interferências são determinantes no tipo e na forma de se decidir por um ou outro sistema impermeabilizante.

Nós temos na impermeabilização duas grandes normas norteadoras: NBR 9575 (projeto de impermeabilização) e NBR 9574 (execução da impermeabilização). Além disso, conforme o sistema escolhido, cada gama de produtos possui sua referida norma, dado ao caráter “empírico” da atividade de impermeabilização, o desconhecimento de tais normas infelizmente é algo comum, bem como o que as compõe.

A escolha e definição de um sistema impermeabilizante passa por muitas variáveis, tais como tipo de fluido imposto a edificação, se por condensação, percolação, capilaridade ou pressão; tipo de uso da edificação, exposição ou não do sistema, tipos de manutenção a que a edificação esteja condicionada;  localização geográfica do empreendimento, pois aspectos como elevada umidade do ar por exemplo podem inviabilizar determinados sistemas; mão de obra executiva, o que pode limitar a escolha de alguns sistemas mais convencionais; todas essas variáveis são analisadas na elaboração de um projeto de impermeabilização.

Outra importante análise considerada em um projeto de impermeabilização é como se darão as áreas de intersecção entre diferentes sistemas de impermeabilização e como se darão as áreas de transição. Além disso, precisamos conhecer o nível a ser deixado em cada ambiente para que o sistema impermeabilizante não conflite com os acabamentos e elementos diversos da obra, como se darão as transições entre os sistemas impermeabilizantes e os sistemas acústicos.

Temos estatísticas não oficiais de que obras sem projeto de impermeabilização possuem um índice de refazimento de etapas superior a 40% contra obras com projetos detalhados. Isso impacta sobremaneira nos cronogramas físicos- financeiros da obra, de modo que o projeto de impermeabilização não deveria ser considerado como uma despesa extra, mas sim como um investimento na redução de erros e consequente redução de futuras patologias na edificação.

Hoje, no mercado brasileiro, o número de projetistas dedicados exclusivamente a impermeabilização não ultrapassa 100, o que obviamente a um país com os índices de novas unidades residenciais como temos mostra-se diminuto. E menor ainda se considerarmos que 5% desse número responde por quase que 50% dos projetos em andamento, salientando-se que a cada 10 obras residenciais verticalizadas apenas 3 possuem projeto de impermeabilização elaborado por projetista especializado. Resumo: a cultura do projeto de impermeabilização é algo que necessita ser fomentada dentro do ciclo construtivo, principalmente se olhada sob a ótica de redutora de futuras patologias e otimizadora de gastos e tempo dedicado a tarefa de impermeabilizar.

O segredo de uma boa impermeabilização mora nos detalhes e o melhor lugar para se atentar a esses detalhes é dentro de um projeto bem elaborado.

Fanny Sbracci
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Unesp, possui MBA em Administração pela FGV e pós em Gerenciamento Executivo de Vendas pela ESPM. Com ampla experiência no setor da construção civil, tendo passado por empresas como Votorantim, Tigre, Amanco, Weber Saint-Gobain e Viapol, seu histórico profissional inclui pesquisa e desenvolvimento de soluções construtivas e estudo de distribuição nos canais de venda focados em material básico, em países como: EUA, Turquia, Itália, França, Portugal, Espanha e Alemanha. É do Comitê Brasileiro de Impermeabilização (CB-022 da ABNT) e conselheira do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). Ingressou na DRYKO em 2019. Seu desafio é gerenciar e desenvolver o portfólio de produtos e agregar inovações juntamente com o reposicionamento da marca.

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