Se já é difícil realizar a obra da casa de uma família, imagine então ser responsável pela reforma das áreas comuns de prédios residenciais? Como é possível atender ao máximo as expectativas de seus clientes, quando eles passam a ser centenas de pessoas? Hoje, o tema do nosso artigo é um pouco diferente, pois iremos abordar uma série de cuidados relevantes para quem irá seguir em um desafio assim.

Quem são os seus clientes?

Veja bem, não é simplesmente um cliente ou apenas uma família que solicitou a obra de um apartamento. No caso do condomínio, nós podemos estar falando de 100, 200, 500 pessoas… ou seja, o prédio ou um complexo inteiro te contratou para fazer o serviço. A partir desse fato, é necessário ter uma atenção muito maior em vários pontos. Por exemplo, no projeto de uma residência, é possível fazer algumas alterações em reuniões no decorrer do processo, há uma certa flexibilidade. No caso do condomínio, isso é muito mais objetivo. Você terá que apresentar o projeto para um grande grupo de moradores. É preciso ter ainda mais organização, além de um projeto super detalhado para trabalhar com tudo isso. 

Assembleia de Condomínio

Na hora de oficializar esse projeto em uma Assembleia de Condomínio, é preciso que você e sua equipe de arquitetura estejam muito seguros de cada tópico. No fim do evento, tudo aquilo que foi acordado será então registrado em um documento, com força jurídica, para ser distribuído a todos os condôminos. Cada detalhe precisa estar muito bem especificado, pois não haverá chance de voltar atrás. Depois, não adianta falar que a pintura ficaria melhor que o papel de parede, ou que seria ideia trocar o rodapé de madeira por um de poliuretano, por exemplo. A transparência durante esse processo é essencial! 

Projeto 3D

É muito importante apresentar o seu projeto através de imagens 3D, de forma que isso fique mais fácil de compreender em razão do efeito visual proporcionado. Afinal, quanto mais pessoas estiverem envolvidas nessa reunião, maior a probabilidade de apareceram dúvidas e mal entendidos. Por meio do 3D, todos estão vendo exatamente como ficará o resultado, com todos os detalhes. Além disso, essas imagens também servirão como documentos que podem ser protocolados posteriormente. 

Compras de materiais

A principal diferença entre um cliente residencial simples e um condomínio inteiro é que o primeiro se trata de uma pessoa física, enquanto que o segundo é representado por uma pessoa jurídica. Seguindo esse raciocínio, toda loja de material de construção pedirá dados como CNPJ, razão social e endereço para emitir as notas. Além disso, todo tipo de negociação se torna mais complexo. Caso você compre materiais em excesso, por exemplo, será muito mais difícil trocar na loja, do que se fosse apenas um cliente comum. E, no condomínio, provavelmente há um rateio entre todos os moradores, portanto eles irão pedir satisfações dos gastos extras. Da mesma forma, os atrasos na entrega dos materiais e, consequentemente da obra como um todo, podem implicar em consequências bem maiores, como processos. Nesse caso, você não tem que dar explicações para uma, duas ou cinco pessoas, mas para centenas, como já citei acima. 

Escolha bem a sua equipe e seus fornecedores

Sempre ressalto a importância de ter uma equipe qualificada. Porém, no caso do condomínio, esse cuidado precisa ser ainda maior, tendo em vista que se ocorrer algum processo trabalhista, há chances de impactar até mesmo os moradores do prédio. Veja bem, alguns escritórios de arquitetura contratam prestadores de serviço pouco conhecidos para determinadas obras, o que pode ser bastante perigoso. Nesse sentido, você sabe se o empreiteiro terceirizado está com tudo regularizado? Será que os subcontratados dele estão sendo pagos direitinho? São registrados? Recebem ajuda de custo? Eles têm todos os equipamentos de segurança? Se houver um acidente de trabalho haverá cobertura? Tudo isso é muito sério! 

Eu acabei de fazer uma reforma em um condomínio, em que precisei apresentar uma série de documentações – como por exemplo, se eu tenho funcionários na CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), se minha equipe tem cursos específicos para garantir a segurança na obra, etc. Porque tais dados não haviam sido verificados com o escritório contratado anteriormente e, como resultado, tiveram alguns funcionários que não receberam corretamente pela obra. No fim, alguns entraram com uma ação contra a empresa prestadora e o condomínio foi acionado judicialmente por responsabilidade solidária. Portanto, quem precisou responder ao processo? Todos os condôminos!

Seguro de Obras

Outro conselho importante é ter sempre o seguro de obras. Digo isso com experiência, pois faço questão de ter essa tranquilidade em todos os meus projetos, ainda mais quando falamos de prédios residenciais. Já tive que usar esse seguro em um condomínio em que estávamos reformando a academia. Lá havia uma tubulação muito antiga, com pouca manutenção, que resultou em um vazamento na garagem, do qual não tivemos nenhuma relação. Nesse caso, o seguro ressarciu tudo. Assim, você respira aliviado e fica assegurado contra possíveis acidentes e imprevistos na obra.

Isolamento das áreas comuns

Por fim, é muito importante pensar na segurança das áreas sociais durante o período de obras. Por isso, é essencial que seja realizado o isolamento, com a devida sinalização, de cada um desses espaços. A partir disso, você evita que alguém se machuque caso esteja passando por ali, ou que uma criança entre naquela área sem querer, entre muitas outras dores de cabeça.

Bruno Moraes (@brunomoraesarquitetura)

Arquiteto pela Belas Artes, pós-graduado pela FAU-Mackenzie, especialista em gestão e execução de obras. Atuou no escritório de Siegbert Zanettini e foi o arquiteto do Programa Eliana, do SBT. 

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