Compartilhar é a palavra do momento. Depois da crise econômica mundial de 2008 e o advento cada vez maior da tecnologia, o setor de serviços, alimentação, carros, transporte, escritórios, consultórios passaram a fazer parte da economia colaborativa, que vem ganhando cada vez mais adeptos.
Atualmente, há opções em alugar um carro por um dia ou para uma viagem, uma bicicleta para um passeio num parque, contratar o transporte de passageiros ou uma sala para trabalhar, além de ter uma casa para uma temporada nas férias, ou mesmo um trator para uma plantação. Nomes como Uber, iFood e Netflix, por exemplo, passaram a fazer parte do dia a dia das pessoas.
Para se ter uma ideia da força desse segmento no país, a consultoria PwC estima que a economia compartilhada responderá por cerca de 30% do PIB de serviços do Brasil até 2025, alcançando US$ 335 bilhões de market share (participação no mercado). Um aumento considerável de mais de 2.200% se comparado ao cenário de 2014.
A economia compartilhada também atingiu em cheio os imóveis, com a ascensão do Airbnb, que aluga uma moradia ou quarto em qualquer lugar do mundo por um determinado período. Mas não ficou por aí. As construtoras enxergaram nesse segmento uma solução para atrair clientes e investidores e passaram a criar novos serviços dentro de empreendimentos, que serão compartilhados por todos os moradores, ou até mesmo para quem aluga um apartamento por uma temporada.
Exemplos não faltam: dos tradicionais salão de festas, churrasqueira e academia, passando pelos mais recentes pet place, car wash e lavanderia. Esta, uma novidade que pretende revolucionar residenciais que oferecem apartamentos pequenos, por exemplo, ou agradar um público especial e crescente, de jovens ou adultos solteiros e casais sem filhos que não têm tempo de cuidar da casa ou simplesmente lavar roupa.
“É um público que cresce a cada dia, exigente, que busca praticidade. Nosso empreendimento foi lançado pensando nessas pessoas”, conta o coordenador comercial da da GPE Incorporadora, Deraldo Júnior, ao comentar sobre o 15W22, prédio residencial recentemente lançado no Setor Oeste, com apartamentos menores, de metragens de 59 e 69 metros quadrados (m²) em grande parte dos pavimentos. O residencial será um dos primeiros em Goiânia a oferecer lavanderia da OMO, famosa marca de sabão em pó da Unilever, em parceria com a marca de amaciantes Comfort, do mesmo grupo.
Como funciona
O serviço, como de uma lavanderia profissional convencional, com máquinas industriais para lavar e secar, é instalado em residenciais e condomínios. O maquinário já conta com dosagem automática de produtos da linha profissional OMO e Comfort e opera em ciclos de duração média de 30 minutos para lavagem e 45 para secagem. Para utilizar, o morador vai precisar acessar o aplicativo do serviço e fazer a reserva de dia e horário. Pelo aplicativo, também pode acompanhar o histórico de uso, fazer recargas e o pagamento. Através de um QRCode disponibilizado no aplicativo após a confirmação do pagamento, o morador vai poder destravar a máquina e lavar as roupas.
A Opus Incorporadora também passou a oferecer esse serviço compartilhado aos moradores de alguns residenciais da linha Gyro, que são empreendimentos compactos de alto padrão. A lavanderia está no Gyro Ricardo Paranhos, que teve 93% das unidades vendidas no pré-lançamento, e no Gyro O2 Ybiti, na Serrinha, com mais de 80% vendido. “A lavanderia compartilhada promove o melhor aproveitamento das áreas privativas das unidades compactas, já que o morador não precisará deixar espaço privativo para esse uso”, defende a coordenadora de desenvolvimento de produtos da Opus, Mariana Rocha Mello.
A oferta desse tipo de serviço está alinhada com as novas gerações. “A lavanderia possui máquinas profissionais com desempenho muito superior e mais rápido que as domésticas, além de menor consumo de água e energia. Ou seja, o que mais buscam as novas gerações: praticidade, agregando o valor de gerar um menor impacto ambiental. Estamos em estudo para ampliar para os demais empreendimentos desse segmento”, disse a profissional.
Deraldo Júnior, da GPE, explica que compartilhar serviços em áreas comuns se tornou essencial. “Se o apartamento tem uma planta menor, é necessário ter alternativas. No projeto, decidimos levar para a área comum do prédio coisas que ela poderia deixar de ter nos apartamentos justamente para aumentar o espaço privativo”. Além da lavanderia como área compartilhada, o residencial 15W22 terá petcare, coworking e ferramentaria.
Outro detalhe levantado é o valor que as marcas consolidadas trazem ao empreendimento. “Procuramos parceiros para agregar valor ao empreendimento e ao dia a dia dos futuros moradores. As marcas consolidadas trazem confiança. Além da OMO para a lavanderia, por exemplo, temos a Flex, que assina nossa academia, e o escritório de arquitetura Bretones e Carvalho, um dos mais tradicionais de Goiânia, que assina o projeto de arquitetura do empreendimento”, diz o coordenador da GPE.
Novo consumidor
O consultor comercial da Unilever para o Centro-Oeste, Luiz Ayabe, diz que há mais de 1,5 mil lavanderias compartilhadas em residenciais por todo o país e que a estratégia da multinacional, dona das marcas OMO e Comfort, é se adequar aos novos modelos de consumidor e de empreendimentos.
“Cada vez mais os apartamentos são menores, como um studio, e as construtoras optaram por deixar de fazer a infraestrutura para a máquina de lavar, por falta de espaço. Como sempre há o desafio de lavar e secar roupas dentro de casa, decidimos criar um lugar nas áreas coletivas e resolver esse problema do morador e das incorporadoras”, detalha Luiz.
O representante lembra que a instalação de serviços compartilhados em residenciais traz grande economia tanto para quem oferece, quanto para quem usa. “Por questão ecológica e econômica, as pessoas estão prestando mais atenção nos serviços coletivos, o que as áreas sociais podem proporcionar. A lavanderia é uma solução econômica, racional e técnica para a construtora, para os condomínios e para os moradores, já que entregamos os maquinários, os produtos utilizados, deixa espaço maior nos apartamentos e os moradores, se souberem dobrar corretamente as peças que saem quente após a secagem, não vão precisar gastar energia e tempo passando roupa”, finaliza.