Foto: Julia Herman
Seja numa casa usada por bebês, crianças, adolescentes, adultos e pessoas na melhor idade, os espaços bem iluminados são quase que uma obrigação dos projetos de arquitetura e de interiores. É claro que, quando pensamos numa casa do zero, fica mais fácil pensar nas medidas de portas e janelas, fazendo com que a luz natural invada os ambientes, equilibrando o uso das luzes artificiais somente quando anoitece. O mesmo vale para a tão conhecida ventilação cruzada, tão necessária para deixar os espaços mais arejados e confortáveis nas diferentes estações do ano.
No entanto, quando falamos da reforma de uma casa ou de um apartamento sempre temos que lidar com as situações atuais do edifício ou da construção. Não sou fã de derrubar tudo numa casa, por exemplo, mas de aproveitar a máximo o que aquela construção nos oferece (pensar no planeta, sobretudo, é mais que urgente). A iluminação pode vir de uma parede eliminada, de uma abertura de vãos entre os espaços e até mesmo do uso de revestimentos e cores mais claras – eles ajudam a espalhar muito melhor a luminosidade pelo imóvel.
Junto da iluminação natural não podemos deixar de falar da necessidade de cortinas, persianas e outros recursos para não deixar o espaço nem claro nem quente demais, transformando-o numa espécie de estufa. Portanto, nada em excesso é bom, certo! A luminosidade natural deixa os ambientes mais gostosos, mas precisamos fazer esse equilíbrio bem certeiro.
Outro assunto que gostaria de falar aqui, e que é mais possível em apartamentos de cobertura e casas, é a iluminação zenital, que costumo usar bastante em meus projetos. Você já ouviu falar em iluminação zenital? Caso não, certamente você já viu! Artificio da arquitetura, o termo se refere à luz natural que vem do céu (zênite) e é garantida por meio de pequenas ou grandes aberturas criadas na cobertura das construções. Indicada para residências e ambientes comerciais, evidencia um apelo estético bastante interessante e benefícios aos projetos. Além de prover uma elegante entrada de luz, arquitetonicamente falando, deixa o projeto muito mais charmoso.
A luz natural promove bem-estar às pessoas, como também valoriza a edificação. Junto com a abundante claridade, a oportunidade de uma obra mais sustentável e com economia no consumo de energia elétrica, haja vista a iluminação zenital diminui a necessidade de luz artificial nos ambientes. Também gosto de considerar a viabilidade de incluir aberturas nas vedações que nos propicia aumentar a ventilação natural e reduzir a necessidade de acionamento de ventilador e ar-condicionado.
Em linhas gerais, a iluminação zenital é mais indicada para ambientes de menor permanência. Em projetos residenciais, é recomendada para cômodos como hall de entrada, banheiros, corredores e pátios internos. Em prédios comerciais, indústrias e edifícios, sua implementação pode ser explorada em virtude da falta de aberturas laterais ou para expandir a luminosidade interna.
É preciso analisar com atenção alguns detalhes antes de começar um projeto com o elemento construtivo. O tipo de iluminação, a posição da obra em relação ao sol e o material a ser aplicado influenciam diretamente no resultado esperado. Deve-se igualmente observar o tamanho da abertura, uma vez que a maioria dos modelos de iluminação zenital pode impactar diretamente na elevação da temperatura do ambiente. Nesse contexto, o projeto também deve viabilizar o acesso à cobertura, já que periodicamente devem ser realizadas manutenções e limpezas, pois a sujeira acumulada prejudica a entrada de luz.
Isabella Nalon (@isabellanalon)
À frente do Nalon Arquitetura, atuou como arquiteta na Prefeitura de Münster, na Alemanha. Acumula mais de 20 anos de experiência em projetos residenciais, comerciais e corporativos.