Tanto na moda como no décor, uma das maiores fontes de inspiração é a natureza, que nos premia com uma verdadeira paleta cromática. Com o desejo de conexão com o natural e a busca por sensações de conforto e acolhimento, os tons terrosos seguem em alta na realização de projetos de arquitetura e interiores. Já era evidente esse anseio do ser humano em traduzir, dentro dos lares – principalmente nos centros urbanos –, a presença dos tons terrosos em diversos elementos. Entretanto, com o ressignificado que a casa alcançou durante o ano de 2020, a referência do terroso seguirá com expressiva envergadura em projetos que buscam a ideia de refúgio, bem-estar e uma simplicidade que nos recepciona em todos os momentos. O cinza marcante na cena das grandes metrópoles continua com sua relevância, mas é muito nítido que ele tem perdido espaço para os nuances calorosas, como a terracota. Além disso, independentemente do tamanho do imóvel, o morador tem feito questão de trazer as plantas, em um estilo Urban Jungle.
Seja em áreas externas ou num elegante living, as cores inspiradas na natureza costumam resultar em composições interessantes. Para que o tom não pese demais ou deixe o ambiente com um aspecto de ‘sem vida’, no caso das nuances mais claras, o segredo é o equilibro. Quando o tom terroso é muito presente, recomenda-se que se economize na quantidade de informações para que o ambiente não fique carregado. Quando uso nuances terrosas em meus projetos, opto por complementos como pisos lisos, cimento queimado e, um de seus favoritos, os tijolinhos. Além de serem bastante versáteis, quando aplicados em sua coloração natural, alcançam composições super equilibradas. Em um décor de essência mais industrial, com a presença do cimento, o material promove aquela impressão do bem-viver que buscamos em casa.
Outra forma de incluir os terrosos na decoração é adicionando outros componentes. O uso da tonalidade pode estar atrelado à marcenaria, objetos decorativos, tapetes, vasos e os papéis de paredes – capazes de simular diversos efeitos de acabamentos e texturas. Os elementos podem ser combinados, gerando composições, ou adotados separadamente. Um mesmo ambiente pode apresentar mais de um gradiente terroso. Podemos empregar algo mais avermelhado na marcenaria e, nas paredes, investir em um revestimento levemente arenoso, como um papel de parede claro ou uma textura. Pensando no projeto com um todo, a riqueza dos tons terrosos permite trabalhar com uma variação de ambiente para ambiente. Áreas sociais como sala de estar, jantar ou uma cozinha podem registrar uma atmosfera mais quente e vibrante por meio de tons de marrom e até mesmo o goiaba. Por sua vez, a ala íntima, composta pelos dormitórios, pode resplandecer uma combinação de beges e cáquis. Levando em conta a necessidade do relaxamento e ares de tranquilidade, essas escolhas não pesarão no décor dos quartos. Tamanha a riqueza da paleta natural, acredito que as cores vão além de um período marcado. E por apresentarem escolhas para todos os gostos, ao conhecer o cliente empregamos a nuance que realmente o agrade. O resultado são composições únicas e magníficas.
Marina Carvalho (@marina.carvalho.arquiteta)
Arquiteta e designer de interiores com MBA pela FGV, atuou no Studio Arthur Casas. Toca escritório com seu nome.