É cada vez maior o número de gestores do setor construtivo que adotam a metodologia Building Information Modeling (BIM) para o planejamento de obras. Esse é um dos principais resultados encontrados na pesquisa Cenário Construtivo Brasileiro 2023, realizada pela Thórus Engenharia e Otus Engenharia, com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do BIM Fórum Brasil, da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (ABRAMAT) e da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).
Um total de 64% de 264 incorporadoras e construtoras que responderam ao questionamento sobre BIM informaram que usam a metodologia no planejamento dos projetos. Houve um aumento de 14% em relação aos dados encontrados na última amostra feita em 2021, que apontou 58% de usuários. Esse ano, dentre aquelas que já trabalham com BIM, 90% afirmaram que houve redução de incompatibilidades nos projetos (falta de compatibilidade entre o projeto sanitário e projeto elétrico de uma obra, por exemplo) a partir do uso dessa metodologia.
“Desde 2019, acompanhamos de perto as transformações do setor de construção e incorporação brasileiro. Esse mapeamento nos permite ter uma compreensão atualizada, acompanhar os avanços e desafios, acessar um benchmark completo do mercado nacional. Isso nos auxilia a tomar decisões baseadas em dados, melhorar a qualidade dos serviços prestados e produtos oferecidos em toda a cadeia da construção”, afirma o CEO da Thórus Engenharia, Cristiano Schneider.
Quando questionadas sobre os principais desafios na transição para o uso de BIM, mais de 60% das empresas responderam que a maior dificuldade é encontrar projetistas em BIM com conhecimento técnico para propor soluções eficientes.
Desde 2017, a ABDI tem participado do processo de difusão do BIM para a indústria da construção brasileira. “Somado aos esforços de diferentes agentes do setor, estamos avançando na difusão do conhecimento em BIM, no uso dessa ferramenta, e consequentemente impulsionando a competitividade das empresas”, afirma Leonardo Santana, agente de Produtividade e Inovação da ABDI.
Nesta 4ª edição, participaram um total de 281 empresas e mais de 50% dos respondentes são sócios-proprietários. Embora a maior concentração tenha sido das regiões Sul e Sudeste, empresas de 23 estados brasileiros contribuíram para o levantamento. Foram coletados dados estratégicos e operacionais divididos em seis áreas principais: Projetos, BIM, Gerenciamento de Obras, Norma de Desempenho, Tecnologia e Inovação, e Mercado Imobiliário.
Projetos
Analisando os aspectos relacionados a Projetos, constata-se que, ano após ano, a falta de compatibilização é apontada como o principal problema enfrentado pelas construtoras e incorporadoras, seguida pela falta de informações e detalhes.
Adicionalmente, observa-se uma redução no tempo dedicado ao planejamento dos projetos. Mais de 40% das empresas afirmaram desenvolver seus projetos em menos de 6 meses, desde a concepção arquitetônica até a liberação para a obra.
Ao analisar a forma como as empresas gerenciam os projetos, constata-se que três em cada quatro optam por fazê-lo internamente. Entretanto, menos de 30% utilizam plataformas específicas para colaboração de projetos, gestão de atividades ou compartilhamento de dados.
Gestão de Obras
No que diz respeito à Gestão de Obras, os números mostram um cenário animador em relação aos prazos, com quase 60% das empresas entregando suas obras no prazo ou antecipadamente. No entanto, a situação é mais delicada quando se trata de questões financeiras. Apenas 20% dos entrevistados conseguem entregar a obra dentro do orçamento previsto inicialmente, e mais de 30% excedem em mais de 6% o orçamento estabelecido.
Considerando que muitos empreendimentos possuem um planejamento de execução de três anos ou mais, a inflação registrada nos materiais e equipamentos da construção civil entre janeiro de 2020 e março de 2023, que foi superior a 50%, representa um grande desafio para manter os custos dentro do previsto.
Qualidade
Garantir a qualidade do imóvel e lidar com os custos associados a isso também é uma responsabilidade importante. Nesse sentido, 42% das empresas afirmaram não possuir um sistema de controle de qualidade, e mais de 30% relataram ter custos com pós-obra acima de 2,5% do custo total da obra.
Os dados apresentados são apenas alguns dos principais insights revelados pela pesquisa Cenário Construtivo Brasileiro 2023. Com esses dados em mãos, gestores de construtoras e incorporadoras podem analisar suas operações, traçar estratégias alinhadas às tendências do mercado e encontrar vantagens competitivas.
O relatório completo da pesquisa está disponível para download.