Com o avanço das negociações para a transição de governo e a possibilidade cada vez menos provável de uma contestação dos resultados das eleições por parte do atual presidente, especialistas do mercado já afirmam que a gestão de Lula pode remediar as relações comerciais do Brasil, favorecendo inclusive a atração de capital para o país. No caso do mercado financeiro, por exemplo, o dólar acumulou queda de 4,56% já na primeira semana após o pleito presidencial; do lado da bolsa de valores, apesar de as ações da Petrobras e outras estatais terem caído, a maior parte das empresas colheu bons resultados e o índice da Ibovespa fechou a semana com alta de 3,16%.
Para os economistas, a entrada de investimentos estrangeiros ao longo da semana se associou ainda à conjunção do fim do ciclo de alta dos juros com o período em que a inflação entrou em queda, depois de meses de altas sucessivas. Todo esse cenário, que tende a avançar de maneira mais estável à medida em que as diretrizes econômicas do próximo governo forem sendo definidas, favorece nichos como o da construção, que pode se beneficiar tanto da baixa no preço dos insumos quanto do maior interesse por parte de investidores estrangeiros, que continuam a enxergar oportunidades de médio e longo prazo no mercado imobiliário global.
Abre-se uma boa oportunidade no setor também para empreendedores e investidores brasileiros. De acordo com o engenheiro civil Leo Ribeiro, especialista em mercado imobiliário e fundador da Domus, independente do governo que vem pela frente, há uma projeção de queda da Selic para o segundo semestre do próximo ano. Este fator já vai fomentar um crédito imobiliário mais facilitado e, com isso, mais financiamento de imóveis e maior liquidez no mercado imobiliário. “Quem se posicionar agora no mercado de construção para venda vai ter, entre o final de 2023 e o início de 2024, um produto pronto para ser vendido em um mercado com maior demanda”, destaca Leo Ribeiro.
A movimentação política ocasionada pelo resultado das eleições também está fazendo com que o mercado espere uma maior liquidez no segundo semestre, segundo o especialista. “A demanda existe independente da Selic, mas é mais fomentada quando há uma queda da taxa de juros e maiores incentivos por parte do governo para a aquisição de imóveis. E é o que provavelmente vai acontecer com um governo de esquerda. Eles fomentam muito a aquisição de imóveis populares e o financiamento por parte das incorporadoras. Há um estímulo grande para a construção desse tipo de produto”, Ribeiro observa.
“A demanda por casas populares já existe e é muito grande, mas vai haver um incentivo para produzir mais – tanto que as grandes incorporadoras já viram suas ações valorizarem na bolsa em virtude disso”, finaliza.