Ergonomia significa “normas de trabalho”. É o estudo do relacionamento entre o homem e o trabalho, equipamento e meio ambiente. A Ergonomia tem como foco adaptar o trabalho ao ser humano ao invés do ser humano se adaptar ao trabalho.
A ergonomia humana é um dos primeiros pontos em qualquer planejamento de mobiliário. Tudo dentro do ambiente precisa girar em torno das atividades das pessoas e um projeto precisa atender demandas específicas e fornecer ambientes funcionais, confortáveis e seguros. Ter a compreensão das características dos corpos humanos é fundamental para melhorar o projeto de mobiliário. Pode-se dizer que sem ergonomia não existe projeto de mobiliário. É ela que dá a sustentação para um projeto.
Ergonomia para móveis residenciais
Na cozinha, a ergonomia é fundamental. Deve-se calcular o espaço da abertura das portas e a altura da bancada e dos armários em relação ao piso de acordo com as necessidades funcionais do cliente. Deve-se poupar esforços na hora de preparar ou servir refeições. O balcão de preparo de alimentos deve ter em torno de 90cm a 94cm de altura. Já na bancada de refeições, para o uso com cadeiras, a altura ideal é de 75cm e para banquetas entre 90cm a 1,10m. Nos balcões inferiores, opte por gavetões ao invés de portas, evitando assim a necessidade de agachar para pegar algum utensílio. E nos armários superiores, evite portas inacessíveis depois de abertas. Isso garante a ergonomia ideal para a maior parte das pessoas. É importante lembrar que as medidas devem ser adaptadas em caso de necessidades especiais.
Na sala, o sofá deve ser posicionado de forma a possibilitar uma boa visão da tela da televisão, que deve ficar bem à frente do sofá, garantindo uma boa postura ao assisti-la. Os móveis devem ser dispostos de modo a deixar uma boa circulação.
No quarto, por sua vez, armários devem possuir altura proporcional a do usuário, de modo a não gerar lesões. As camas também devem ser adequadas à altura dos donos e, no caso de pessoas idosas, recomenda-se que sejam um pouco mais baixas para deixar os pés completamente apoiados no chão ao se sentar. O objetivo é facilitar movimentos como levantar-se e deitar-se. Móveis para quartos infantis também exigem medidas adaptadas às crianças.
Ergonomia para móveis de escritório
No mundo corporativo, a escolha de bons móveis para escritório impacta diretamente na produtividade dos colaboradores, reduz o índice de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, oferece maior conforto e reduz o cansaço. As empresas têm a responsabilidade de promover um ambiente ergonomicamente mais adequado aos seus colaboradores.
Quando se projeta um ambiente de trabalho, um dos aspectos mais importantes a ser levado em consideração é a especificação do mobiliário, mesas, cadeiras, volantes, armários e demais acessórios, pois é onde o trabalhador passa a maior parte do seu dia.
Para um ambiente como um escritório, a ergonomia dos móveis deve levar em conta, por exemplo, a questão da postura, já que ela pode causar problemas nas costas e outros problemas ocupacionais.
Mesas: para trabalho sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas e os painéis devem proporcionar condições de boa postura, visualização e operação. Devem ter altura e características compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento. A área de trabalho deve ser de fácil alcance e visualização. E deve também ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequada. A altura do vão abaixo do tampo da mesa deve permitir que as pernas fiquem livres e confortáveis. Seu revestimento deve ser fosco, evitando assim o reflexo direto da luz ambiente. Outro ponto importante é o espaço na superfície para execução das tarefas, que precisa ser de tamanho suficiente para não gerar desconfortos.
Cadeiras: As cadeiras para posto de trabalho com computador devem ser reguláveis e adaptáveis a diversos tipos de ocupantes. É essencial que tenha regulagem de altura do assento e do encosto. Ela deve possuir, também apoio para os braços e rodízio de cinco patas. Questões relacionadas à espuma e revestimento também são itens relevantes para garantir que uma cadeira tenha uma boa ergonomia.
Acessórios: para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, poderá ser necessário suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna. Em alguns casos, depois de regular a altura da cadeira em relação à altura da mesa, perde-se o apoio dos pés, ficando com eles “soltos”. O apoio deve ter superfície de tamanho suficiente para acomodar os dois pés e ser antiderrapante. Deve ter regulagem de inclinação para que o usuário encontre o melhor posicionamento para seus pés.
Equipamentos: os equipamentos utilizados devem ter mobilidade para permitir o ajuste da tela à iluminação do ambiente e proporcionar ângulos corretos de visibilidade. O teclado deve ser independente e ter mobilidade, podendo ser ajustado de acordo com as tarefas a serem executadas. A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais e devem ser posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.
É importante que os profissionais saibam utilizar o mobiliário adequadamente ajustando-o às medidas ergonômicas individuais. Para todos os casos, recomenda-se a aquisição de mobiliário certificado conforme as normas da ABNT, a NR 17 e que possua o Selo FSC, que garante a utilização de madeira de origem controlada e que cumpra as regras ambientais desde a sua origem.
Pensar nessas funcionalidades ajuda a criar projetos mais consistentes com a realidade e as necessidades do cliente. Os móveis podem promover otimização do espaço, potencializar a praticidade no dia a dia e aumentar a sensação de bem-estar. Além de claro, deixar o imóvel mais bonito.
Isabella Nalon (@isabellanalon)
À frente do Nalon Arquitetura, atuou como arquiteta na Prefeitura de Münster, na Alemanha. Acumula mais de 20 anos de experiência em projetos residenciais, comerciais e corporativos.