Batizada de casa box, o projeto inserido em área de preservação permanente prima pela implantação racional, respeito ao relevo e conforto termoacústico. A volumetria fechada para o observador externo se revela surpreendente para quem a visita internamente. Texto: Pedro Zuccolotto | Fotos: Celso Pilati

As limitações, às vezes, conduzem aos resultados mais criativos. Na cidade de Curitiba, no Paraná, um jovem casal solicitou um projeto de arquitetura e interiores para o escritório Valliatti & Tomasi Patrão Arquitetura.  Dois fatores aparentemente limitadores foram a chave para a solução invetiva proposta: o terreno em declive e a localizado em uma área de bosque de preservação permanente. A dupla de arquitetos propôs um volume responsável, de acordo com as exigências ambientais e adaptado à topografia do lote. 

A localização

A residência foi erguida no bairro de Ecoville, distante 20 minutos do centro da capital paranaense. A região tem uma média de 113 m2 de área verde por habitante, enquanto a média na cidade de Curitiba é de apenas 53 m2, segundo dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Bem próximo do Parque Barigui, inaugurado pelo ex-prefeito e arquiteto Jaime Lerner em 1972, é uma zona de expasão sustentável da cidade. O lago do Barigui — termo indígina que significa rio do fruto espinhos, em alusão à pinha da araucária —, é essencial para conter as cheias do rio, comuns no passado.  

As necessidades

O casal de empresários tem um filho. O briefing era bem convencional: uma residência confortável para a família e para reunir amigos. A premissa pressupos uma área social ampla e integrada à natureza do entorno. “No térreo, criamos salas de convívio com TV e lareira, espaço gourmet com cozinha e ampla área externa com piscina. No pavimento superior, dispusemos três suítes completas e uma sala multiuso com banheiro. Complementam a infraestrutura do imóvel a garagem e a área de serviços no subsolo”, conta Sérgio Valliatti.

O terreno

O principal desafio da inplantação foi evitar alterações nas características naturais do terreno, preservando assim o bosque e a topografia, sem interferir na vista e na privacidade dos moradores. Para isso, os arquitetos optaram por uma volumetria simples em pavilhão único, descrito como “impactante” pela dupla, apoiado numa base estrutural no subsolo. “Esta  volumetria em dois níveis acomodou no térreo toda a  área social, de convívio e piscina coberta e no piso superior a área íntima dos quartos. A base da volumetria, no subsolo, acomodou os serviços e espaço técnico com a garagem em vão livre entre os apoios estruturais”, explica Luciana Patrão.

Acima, planta do subsolo.
Acima, planta superior da casa.
Acima, corte da edificação.

A iluminação

Toda a parte luminotécnica foi pensada de maneira indireta e cênica. A atmosfera criada valorizou o uso de materiais autênticos e expostos. A caixilharia generosa revela misteriosamente parte do interior aos transeuntes que beiram a fachada principal. De dentro para fora, os perfis metálicos pretos emolduram a vegetação que se abre pelas janelas. Pendentes foram dispostos no vão da circulação vertical entre pavimentos. Sobre a piscina, a cobertura de vidro revela o cuidadoso trabalho de iluminação zenital. A viga que limita o perfil da lage entre pavimentos foi pintada de preto, e arrematou a composição das esquadrias de mesma cor. Persianas regulam a entrada de luz externa na sala de estar. 

Ficha Técnica 

  • Projeto: Valliatti & Tomasi Patrão Arquitetura;
  • Localização: Curitiba, Paraná;
  • Área construída: 450 m²;
  • Início da obra: 2017;
  • Conclusão: 2019;
  • Equipe técnica: Sérgio Valliatti Jr., Luciana Patrão, Alexandre Remião e Bruna Rivabem.

Fornecedores

  • Caixilhos: Alucom Esquadrias;
  • Material de Construção: Balaroti;
  • Revestimentos: Cerâmica Portinari;
  • Tapetes: Persépolis;
  • Piscina: Desjouex.

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