A indústria brasileira de cimento iniciou o segundo semestre com resultados positivos. Foram comercializadas 6,1 milhões de toneladas do produto em julho, alta de 3,1% em relação ao mesmo mês de 2024, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). No acumulado de janeiro a julho, as vendas somaram 38,2 milhões de toneladas, avanço de 3,7%.
O desempenho segue impulsionado pelo aquecimento do setor imobiliário e pela expansão do mercado de trabalho. O programa Minha Casa, Minha Vida mantém contratações em alta e pode superar a meta de 2 milhões de unidades previstas para 2023-2026. Já o emprego formal e a massa salarial continuam em crescimento, enquanto a taxa de desemprego recua.
A confiança do consumidor também subiu em julho, especialmente entre as faixas de renda mais baixa e mais alta, refletindo avaliações mais positivas sobre o presente e o futuro.
Por outro lado, o cenário de juros elevados (Selic a 15%) e a escassez de crédito reduziram as expectativas do setor da construção para os próximos meses. O índice de confiança da construção, calculado pela FGV, atingiu o menor nível desde junho de 2021. Até junho, o número de unidades financiadas para construção caiu 60,8% na comparação anual.
A confiança da indústria também recuou diante da perspectiva de desaceleração econômica no segundo semestre, agravada por novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Embora o setor cimenteiro quase não exporte e importe pouco, variações cambiais podem elevar custos de produção.
Para reduzir sua pegada de carbono e mitigar pressões sobre os preços dos insumos, a indústria tem investido no coprocessamento — tecnologia que substitui combustíveis fósseis por resíduos industriais, comerciais, domésticos e biomassas. Em 2023, o setor substituiu 32% do coque de petróleo, antecipando em três anos a meta prevista, e processou 3,25 milhões de toneladas de resíduos, evitando a emissão de 3,4 milhões de toneladas de CO₂.
Às vésperas da COP30, o Brasil mantém destaque internacional pela baixa emissão de carbono no processo produtivo do cimento, resultado de investimentos em matérias-primas alternativas, combustíveis sustentáveis e eficiência energética. O concreto, por sua durabilidade e menor impacto ambiental, vem ganhando espaço em rodovias e vias urbanas, contribuindo para a expansão e qualificação da infraestrutura do país.
“A indústria do cimento busca novas e importantes soluções para a redução de sua pegada de CO₂, por meio de um ativo fundamental disponível no Brasil, a partir de remoções de carbono em projetos de recuperação florestal e de Soluções baseadas na Natureza (SbN)”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

