O setor da construção civil está otimista para o segundo semestre e espera fechar o ano em alta. Inicialmente, a projeção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) era de crescimento de 2%, mas o aquecimento do mercado fez com que a estimativa fosse revisada e, assim, elevada para os atuais 2,5%.
Apesar da alta da taxa básica de juros Selic, fixada em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a compra e venda de imóveis segue aquecida no país. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelou aumento de 6,2% na comercialização de novos imóveis durante o primeiro trimestre deste ano, em comparação com igual período do ano passado.
Além das vendas, os lançamentos imobiliários também aumentaram, o que significa que mais empresas estão tirando do papel os projetos engavetados no período mais crítico da pandemia da Covid-19. O crescimento global de lançamentos foi de 2,2%. Quando analisado o recorte das unidades de médio e alto padrão, a Abrainc identificou alta de 35,6%.
Outro indicador de aquecimento da construção civil é a empregabilidade. Mesmo com a taxa nacional de desemprego na casa dos dois dígitos (10,5%), conforme apuração do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor segue criando empregos. Entre janeiro e maio, o saldo entre admissões e demissões realizadas pelo setor foi positivo em 119 mil vagas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia.
Só em maio deste ano, a construção civil abriu 35.455 vagas de emprego com carteira assinada. O número é 61% maior do que o verificado em maio de 2020, quando o total de postos de trabalho criados foi de 21.971.
Justificativas para o otimismo
Na avaliação da Cbic, a expectativa é que o segundo semestre mantenha o ritmo de aquecimento observado até o momento. A justificativa para o otimismo do setor se dá pela campanha de vacinação, que possibilitou o maior controle da pandemia da Covid-19 e a reabertura das atividades econômicas.
Já a Abrainc pontua que o desempenho positivo do setor imobiliário, mesmo em meio ao aumento da taxa de juros, se deve à segurança desse tipo de investimento. De acordo com a associação, em momentos de alta da inflação, as pessoas buscam imóveis para proteger o patrimônio financeiro.
Efeito cascata
O setor da construção civil é considerado uma espécie de “termômetro da economia”, já que seu desempenho tem a capacidade de promover impactos diretos nas demais atividades econômicas.
O setor é responsável por empregar mais de 2,3 milhões de pessoas no país e injetar cerca de R$ 5,8 bilhões em salários por mês, conforme o cruzamento de informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2020, e das edições do Caged 2021 e 2022.
A geração de emprego e renda na construção civil movimenta a economia, promovendo um “efeito cascata” para os outros setores. Quando o setor dá sinais de recuperação, a tendência é que o comércio, os serviços e a indústria também caminhem em direção à retomada.